segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Mors certa, hora incerta

Estava eu, tranquilamente sentado em frente a meu computador, quando Tibério vira pra mim e me diz: "lembra do Anderson? Mainha disse que ele está em São Paulo, em estado terminal, por causa de AIDS". Fiquei chocado. Nunca esperaria, por exemplo, que o Anderson tivesse AIDS; em outubro ele estava muito bem, quando foi votar nas eleições e nos encontramos no colégio. Certo que ele era tido às suas maluquices, mas era de se esperar que pelo menos tivesse o cuidado de usar camisinha: não que todos os que tenham AIDS a tenham por que não usam, mas o caso dele certamente foi o de esquecer da utilidade dela.
Não vou entrar no mérito da AIDS. Vou entrar no mérito do choque. É de estranhar o quão fácil as pessoas que nós conhecemos e que até mesmo somos amigos, somem e morrem. Esse foi um caso, e estou estupefato com a notícia: por mais que ele fosse doido, era uma pessoa com um coração grande e muito bem-quista, e ainda que tenha buscado uma morte dessas, não merecia morrer assim.
Eu não compreendo, também, como as pessoas se deixam morrer disso. É difícil se morrer de AIDS: só se morre quando não se toma o devido cuidado.
A morte é muito certa; a hora da morte, é incerta. Nunca sabemos quando ela baterá à nossa porta; só sabemos que é certo de que baterá.
Muita gente que passa por nossas vidas, do nada, somem e morrem. Eu não sei se é normal lamentar a morte delas, mas o choque é normal. O que nos resta é rezar para que Deus incomende a alma delas.
Mors certa, hora incerta.