terça-feira, 20 de outubro de 2009

Importância na vida

Num encontro de alta sociedade, todos de ternos italianos caríssimos e discutindo sobre suas imponentes famílias, um desconhecido - muito bem vestido, também, pega sua taça de prosecco e fica esperando ser chamado, para fazer graça com a cara dos outros:
- Minha família tem 400 anos aqui no Brasil. Sou da família daquele antigo senador do Império, que foi Presidente do Conselho de Ministros, Nicolau Campos Vergueiro. Os Vergueiro são importantíssimos e ricos.
- Já eu sou da família dos Albuquerque Magalhães Lima. Minha família é muito importante na Paraíba, possuindo ricas fazendas de café e babaçu.
(...)
- Hey, você, no canto. Sua família é de onde? Parece ser muito importante, pelo seu imponente porte físico, alvo, loiro...
- Sou da importante família dos Wernek.
- Ooooh! É alguma casa de condes estrangeiros, decerto!
- Decerto que não. Meu avô veio escondido num porão de navio, porque não tinha dinheiro para pagar a passagem pro Brasil. Minha avó era prostituta antes de casar com ele e irem trabalhar numa fazenda de café. Como ficaram ricos? Meu avô ganhou na loteria...
E todos ficaram muito amigos dele pela noite toda, até que ele deu as costas. Aí, desatinaram a falar da sua deselegância, da deselegância de seu porte e de sua cara de pobre.

Amor e distância

Postei um conto no meu blog, falando de “Amor a distância”. Perguntaram-me se isso dava certo. Sou suspeito pra dizer. Mas, me senti ali, no conto. Sei que dor é essa. Sei o que é ser "consumido pelo desespero" de não poder estar com quem se ama. Sei que telefone, msn, etc., aplacam a dor da distância...mas ao mesmo tempo, faz doer mais ainda, porque você toma consciência de que a pessoa está longe. Que o "beijo" mandado no final poderia estar sendo dado ali, naquele momento. Quantas vezes chorei e não consegui terminar de falar ao telefone, por causa da dor da ausência? Nossa, nem sei quantas... E cada lágrima derramada me fez ter a certeza de que deveria continuar acreditando. Porque eu sabia que tinha acertado. Sabia que tinha achado "a pessoa". Mas faz amadurecer. Embora nos sintamos injustiçados, doloridos, revoltados... O universo conspira ao nosso favor, se for amor de verdade. Eu não acreditava nisso, mas hoje posso dizer que é verdade. Ainda existe amor à distância sim. E pode acontecer com qualquer um. E ser perfeito, sim. Só é preciso querer, e acreditar. Nada mais que isso.


Beijos para quem é de beijo, abraços para quem é de abraço.

domingo, 18 de outubro de 2009

Do susto

Antes, imaginava que o grande amor da vida tinha morrido, partido, ou sei lá o quê.
Aí, saiu um dia pela madrugada em bares da cidade e se depara com uma cena: O grande amor da vida vivo, ali, beijando outra pessoa.
Juntou todos os sentimentos do mundo em um só. O afeto, amor, dedicação, carinho, ódio, desprezo, nojo... Tudo em um só sentimento.
E quem o conhece, tem medo do que possa dá essa junção de sentimentos. É, coisa boa não dá.
Aí ficou inerte, o corpo entrou em choque, em transe: será que é ele?
E era!
Os mesmos olhos, o mesmo cabelo, a mesma forma idiossincrática de jogar os cabelos e mover as mão. E o sorriso? Aquele mesmo sorriso maroto, ameaçador e convincente.
E resolveu checar realmente se não tava vendo coisas, se a mente e o coração, influenciados pelo álcool não estavam pregando alguma peça.
Não, não tava.
Ele continuava o mesmo, e quando viu que tinha sido descoberto, fez o máximo pra provocar: pegou a mão de outra pessoa, sorriu, e beijou a boca, de forma apaixonadamente.
E o outro lá, sofrendo.
Saiu cego, dirigindo em todas as direções da cidade. Chorando. Buscando algum conforto. E o máximo que encontrou foi um:
- Amigo, vá pra casa, tente dormir.
E fez o que mandaram. Chegou em casa, tentou dormir, mas, cadê o sono? Tentou esquecer, mas como? Sobrou os papéis, as recordações e o gosto pela escrita.


De tudo, ficaram três coisas:
a certeza de que ele estava sempre começando,
a certeza de que era preciso continuar
e a certeza de que seria interrompido antes de terminar.

Fazer da interrupção um caminho novo.
Fazer da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sono uma ponte,
da procura um encontro...

(Fernando Sabino)




Um beijo para quem é de beijo, e um abraço para quem é de abraço.

sábado, 17 de outubro de 2009

Ping Pong

Olá! Cá estou para fazer uma série de rapidinhas [não conotem] com o Capitão. Vamos lá!

Cor: Azul ferrete.


Esporte: Fico indeciso entre equitação, natação e futebol. Acho que vou pra levantamento de garfos.


Comida: Tenho um paladar extremamente refinado, mas tudo que quero neste momento são aqueles pasteizinhos de Belém do Habib's. Quero 16! Tô com gula!


Bebida: Caribé. Ainda perguntam?


Amizade é...: Aquela coisa que é mais importante que um relacionamento. Como diria a galera do MPB4, "o apreço não tem preço".


Dinheiro é...: Algo que me faz ter uma ejaculação precoce, só de pensar.


Família é...: Meus cachorros e meus amigos.

Paz é: Não me fazer sombra.

Guerra é: Tirar meu sol.

Fome é: Nunca entendi muito de fome. Por isso que sou gordo assim.

Eu acho que a religião...: Olha, costumam a dizer que D'us é o Papai Noel dos adultos. Eu acreditei em Papai Noel até os 5 anos, quando me convenci que ele não existia, depois de escutar algumas pessoas. Deixem-me eu ser convencido por mim mesmo que D'us não existe também e a gente conversa.


Brasil: Uma brincadeira divina de mau-gosto.


Ator: Louis Garrel.


Atriz: Marlene Dietrich - de preferência, cantando Lili Marleen vestida de homem, em Morocco.


Banda/Cantor(a): Chico Buarque.


Música: João e Maria, cantada por Chico e Nara Leão.

Filme: Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci.

Livro: O Terceiro Travesseiro, de Nelson Luiz de Carvalho.

Sexo: Com camisinha. Não sei onde você colocou essa sua periquita aí...

Melhor posição sexual: Frango assado.

Melhor transa: Num banheiro de uma barraca de praia. Foi bem louco.

Maior loucura: Ter entrado no exército.

Se pudesse fazer de novo: Ir pra Petrolina.

Se pudesse esquecer: O meu noivado frustrado.

Lugar ideal: Berlim, no inverno.

Parceiro ideal: Alguém que saiba ler bons livros, ver bons filmes, comer a boa comida que eu como, tomar os bons vinhos que tomo - ou que pelo menos goste sinceramente de mim, caso nenhuma dessas alternativas funfe.

Recado a um(ns) amigo(s): A vocês, me devoto inteiramente.

Recado a um(ns) inimigo(s): Se você está se sentindo muito bem e está bem de vida, é que eu ainda não lhes peguei. Me aguardem.

Capitão por Capitão: Aparentemente, é um cara arrogante, truculento, violento, cheio de si e mau. Mas esconde, no fundo, uma pessoa boníssima, que daria a sua vida por qualquer desconhecido que não vale o chão que pisa. É um cara que é o próprio amor, investido numa carapaça de indiferença.

O que faz nesse momento, além de responder ao Ping Pong? Vendo vídeos no YouTube.

Para finalizar, se pudesse, onde estaria nesse momento? Estaria num quarto do hotel Novo Sol, onde iniciei meus passos no Sertão.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Porque devem considerar o sertão como um bom lugar pra viver

A primeira imagem que se tem do Sertão, lembrando da televisão, é uma caveira de um boi num terreno seco, com uns galhinhos aparentemente mortos. Basicamente, quando tu entras no Sertão, vindo da direção do Recife ou de Salvador, é exatamente isso mesmo que verás até encontrar vida desenvolvida e civilizada.
As pessoas não conseguem imaginar a vida emocionante que se pode levar. Eu conheço-a bem, pois a vivo. Contar-vos-ei, caros leitores, sobre a jóia do Sertão de Pernambuco: Petrolina. (Despreze-se Juazeiro, porque aquilo é apenas um bairro de Petrolina, separada por uma ponte gigante que passa sobre o Rio São Francisco, intimamente conhecido como "Velho Chico Cagão").
Bebida, tu tens boa e barata em Petrolina. A primeira delas, que encanta a todos, é a famigerada Caribé - uma cachacinha APARENTEMENTE INOCENTE, conservada em barris de umburana. Quando se prova a Caribé, pensa que tem um aroma excelente e se sente o bouquet da umburana e da cana. Mas, o aftertaste é pesado. A emoção de tomar um copo de Caribé de guti-guti é idêntica a descer numa montanha russa com 80 metros de altura e pista de 1km: louca. Arde muito e sente-se o corpo formigar.
Além da cachaça, encontramos também duas bebidas deliciosas: a Cajuína e o Guaraná Jesus. Quando se me apresentaram a Cajuína, refrigerante feito de caju, eu jurei por D'us que iria odiar. Me enganei: tem um gosto delicioso, e lembra em muito o Mate-Couro, de Minas Gerais. O Guaraná Jesus, iguaria do Maranhão que se encontra em Petrolina, tem gosto de chiclete e aparência de chiclete - não se pode sair deste lugar sem prová-lo.
A cidade de Petrolina proporciona a sensação ambígua de estar no cu do jegue, no sertão da Pedra-Lascada, e, ao mesmo tempo, de estar na civilização. Se tem um shopping (nada comparado aos de Salvador, mas tem um tamanho considerável) onde se pode encontrar muita coisa; se tem bancos; e claro, todos os dias se tem para onde ir pela noite.
O Bodódromo é sempre uma boa pedida. Carne de bode assada, beef de bode, e até mesmo PIZZA de bode se encontra por lá. É uma praça no bairro da Areia Branca, onde podemos ver seis ou sete bares com tema de bode e que oferecem bode. Ponto perfeito para levar a sua paquera ou beber com bons amigos.
Emoção em Petrolina sempre se tem. Em Petrolina se encontra muita gente doida, que transforma qualquer um em gente maluca - a começar pelo sotaque, quase ininteligível. O hábito de seguir pessoas, pular muros pra ver casais transando e afins, são coisas extremamente comuns. Em Petrolina muita gente fica parada no estacionamento do River Shopping (shopping de lá) conversando, dentro dos carros. É uma loucura.
Juazeiro é algo que não vale comentar muito. Apenas, pode-se dizer que a Orla de Juazeiro sempre é uma boa pedida quando Petrolina está parada. Passe lá e experimente, nessas condições.
Garanto que Petrolina é mais gostosa que o Rio. Queria Olimpíadas de 2016 em Petrolina, que é emoção pura.
Em outra oportunidade, contar-vos-ei mais um pouco sobre esta jóia do Sertão.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"Não sou um grande, mas só peço que não me tirem o sol."

Contar-vos-ei como acabou a história.
Eis que chegaram as horas do derradeiro encontro, aquele que me livraria de toda a mágoa e de todo o sentimento ruim que me abateu por, ao menos, oito meses. Foi uma caça ao tesouro difícil, mas cheguei lá.
Primeiro, foram horas de perseguição. Fui até a Universidade Federal conhecer o ambiente onde eu atuaria logo mais à noite. Depois, fui até a Universidade Estadual, onde parei o carro e ali esperei por, ao menos, duas horas - nada feito. Pela noite, tentei descobrir - junto com uma legião de amigos - onde ela se escondia, pegando um endereço que semblava ser verdadeiro.
Fomos até a casa, onde paramos por horas. Disseram que a pessoa com o nome dela não se encontrava lá, e sim na Universidade (ela não estava na Universidade). Ficamos certos de que ela morava lá.
No dia seguinte, a minha legião saiu atrás dela. Fomos até aquela casa, onde descobrimos que, na verdade, aquela pessoinha morava em outra. Fomos então, em disparada, para o cortiço (sim, ela morava em um cortiço) onde ela vivia. Tempo passava mais, descobrimos que ela não estava.
Fui a uma festa. De lá da festa, passei-lhe uma mensagem perguntando: "onde você está exatamente agora? Temos de conversar". Ela ligou em seguida, tentando fingir não saber quem a ligava, e recebeu em retorno: "diga onde você está que vamos conversar agora". Primeiro, ela aceitou o encontro. Depois, disse que ia encontrar o namorado na hora e não podia.
Fui para a Orla da cidade vizinha, em Pernambuco (ali era Bahia). Tomando umas cervejas, recebi a seguinte ligação, dizendo: "vamos nos encontrar agora. Estou no terminal de ônibus da outra cidade". E lá, fui.
Chegando lá, a encontrei. Disse-lhe tudo que eu queria, até que eu obtive a confirmação, vinda da boca desta criatura, de que eu fui só um brinquedo, só um joguete, e que ela faria isso que me fez com quantos mais quisesse. Então, disse-lhe que a conversa havia terminado, dei uns passos a frente e retornei, contando-lhe que ela levaria uma surra.
Foram uns socos que ela levou, uns socos muito bons. Depois, veio seu namorado defendê-la, apanhando também. No final das contas, meu óculos quebrou, mas valeu o sangue que verteu dela.
Recebi mil e quinhentas mensagens de ameaça, e mais umas trocentas dizendo que eu havia perdido aquela criatura pro novo namorado. Recebi outras, dizendo que me entendia (ele, o namorado novo), porque ele também a amava e talvez fizesse o mesmo, mas que não era pra seguí-la outra vez. Por fim, resolvi respondê-los com a seguinte mensagem: "olha, já tive exatamente o que eu queria. Estou mais que satisfeito. Desejo a vôcês felicidades, e que deem certo, sem cruzar meu caminho. Como diria Diógenes, "não sou [um] grande [filósofo], mas só peço que não me tirem o sol". Favor não me ligarem mais ou mandar mensagens".
Acabou ali a história. Enterraria a história logo em seguinte, jogando o escapulário que ela havia me dado no meio do rio São Francisco. O amor, o ódio e qualquer sentimento foram juntos com aquele escapulário. Agora, só me resta seguir a minha vida e concretizar todos os meus planos e sonhos.
Um muito obrigado a todos que me toleraram e me suportaram enquanto essa história corria.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O que fazer?

Eis que talvez me depare com uma situação inovadora: vou ter de me adequar a uma nova realidade de vida, se absolutamente nada for nos rumos que eu sonho (apenas sonho). Entre esta semana e a que vem, terei a conversa decisiva com aquela pessoa, e isso absolutamente todo mundo sabe.
O problema é que não sei como vou readequar minha realidade. Ao invés de adotar Pernambuco como minha segunda casa, terei de me mudar, pra ver-me longe? Continuarei com o projeto pernambucano e vou me lixar pra existência dela? Eu já não sei, e ninguém sabe.
Também, vou ter de libertar definitivamente meu coração e me acostumar com a idéia de gostar de outras pessoas. Isso soa-me estranho, ainda mais que eu amo.
Além de tudo, vou ter de arranjar - definitivamente - uma nova motivação para viver. Continua me soando estranho.
É isto.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Porra!

Eu tenho nojo das pessoas, de todas elas. Asco. Não gosto que elas esbarrem mim, me cutuquem, respirem perto de mim. Eu quero todas as pessoas longe de mim, todas elas.

Eu não gosto do jeito que as pessoas expressam felicidade. Não gosto do riso alto, da boca escancarada cheia de dentes tortos, cobertos de placa bacteriana. Não gosto do barulho que elas fazem quando estão contentes, e nem quando elas olham para mim esperando que eu ria também. Rir do quê? Porra!

Eu não gosto do jeito que as pessoas expressam tristeza. Não gosto do rosto molhado de lágrimas, todo ensopado. Da baba que fica espessa no canto dos lábios, do ranho que escorre pela narina dilatada. Não gosto da maneira que elas olham para mim esperando que eu chore também Chorar por quê? Porra!

Eu não gosto do jeito que as pessoas expressam desejo. Não gosto da respiração ofegante, como se o coração não coubesse no peito, dos pentelhos arrepiados. Não gosto da maneira como olham para mim esperando que eu também sinta desejo. Desejo do quê? Porra!

Eu não gosto das pessoas. Tenho nojo das pessoas. Não gosto da maneira como elas me olham esperando que eu sinta compaixão. Compaixão do quê? Porra!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A uma semana do grande encontro

Caros colegas de jornada,
Em uma semana, resolverei a minha vida. Na semana que vem, estarei iniciando uma jornada sem volta - mais uma vez, num lugar desconhecido - e, definitivamente, será decidido o meu futuro. Talvez, o meu futuro de emprego, o meu futuro de moradia, o meu futuro de relacionamento. Encontrarei, finalmente, e terei uma conversa com aquela pessoinha que tem me martirizado há pelo menos sete meses.
Me questiono: como será? Será que, no final das contas, voltarei eu pros braços desta pessoa ou ela voltará pros meus? Será que eu o pedirei? Será que tudo terminará com uma briga inesquecível, em que eu lhe direi tudo que eu penso, que eu sinto, e que ela merece ouvir (inclusive a minha raiva, a minha mágoa e o meu rancor)? Ou, será que ela ouvirá o que não merece ouvir (sobre o meu amor, que infelizmente ainda persiste, por ela)? Só Deus sabe.
Peço recomendações de como proceder nesta hora. Me deem sugestões do que dizer, do que falar, do que fazer. Ser-vos-ei eternamente grato.
Um abraço e desejem-me uma boa sorte.