sábado, 29 de agosto de 2009

A história de François e Alexandre - um conto triste

François e Alexandre nasceram com o destino unido, apesar de distante. François Fernando nasceu em Garibaldi, na Serra Gaúcha, destinado a trazer tristezas pro mundo: seus pais, estudantes de história da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, largaram tudo por culpa da gravidez de sua mãe, Maria das Graças, e foram para Garibaldi, onde o pai, seu Fernando, seria funcionário do Banco do Brasil. Seus pais quiseram lhe dar um nome francês pra soar engraçado. Alexandre Frederico nasceu em Ilhéus, na Bahia, destinado a procurar um eterno amor: seu pai era capitão da Marinha do Brasil e sua mãe, uma professora da universidade local. Seus pais quiseram lhe dar um nome grego, pra soar grande.
François, logo cedo, se mudou para uma cidadezinha chamada Canela, também na Serra. Lá nasceria a sua irmã, Márcia, e o seu irmão, Giosué. Alexandre Frederico rodou o mundo com seu pai marinheiro e sua mãe professora, até que um dia, seu pai foi mandado pra Porto Alegre, pra ser Capitão-dos-Portos. Tem um irmão, Miguel, dois anos e onze meses mais novo.
François era de uma família judia sefardita muito tradicional em sua cidade, e logo começou a frequentar a Juventude Israelita local. Alexandre, apesar de católico, nunca se ligou muito em religião - pra ele, tanto fazia.
François se descobriu gay muito tarde. Beijou o primeiro menino aos dezessete anos. Enquanto isso, só ficava com meninas - não sabia se por indecisão ou por medo de encarar a família. Nunca encantou verdadeiramente ninguém que descobrisse de verdade quem era. Alexandre se descobriu gay muito cedo. Beijou o primeiro menino aos onze, namorou o primeiro aos quatorze, e deixou um amor em cada porto que passou.
François passou no primeiro vestibular logo. Foi estudar engenharia mecânica na Universidade Federal de Santa Maria. Alexandre passou também nos primeiros vestibulares cedo: o primeiro, foi do tão sonhado curso de medicina, que logo abandonou, na Federal do Rio Grande do Sul. O segundo, foi no de economia, numa certa Universidade Presbiteriana Mackenzie, pra onde zarpou, com emprego certo pra São Paulo.
François abandonou cedo o curso de engenharia mecânica. Retornou pra Canela, para a vidinha medíocre de ajudante de balcão no grande armazém que seu pai, seu Fernando, tinha. Alexandre cansou da vida de São Paulo, também, e voltou pra Porto Alegre.
François não tinha amor a nada. Alexandre tinha depressão.
François, ainda que nunca admitisse, era chegado em beber e cheirar pó - tirando a parte de destruir a vida de pessoas. Alexandre admitia que gostava de se drogar, mas tentava parar: a sua única preferência eram seus cigarros, da marca Camel.
François, um dia, resolveu juntar-se a um grupo na internet de jovens gays. Alexandre já fazia parte e era um grande líder entre eles: estava com passagem marcada para Curitiba, onde conheceria um menino, chamado Pablo. Antes de partir para Curitiba, Alexandre e François se conheceram, com a intenção de trocarem figurinhas da cena gay gaúcha.
Em Curitiba, nada deu certo para Alexandre, e eles só sentiam mais vontade de se conhecer. Quando chegou em Porto Alegre, marcaram de se encontrar. Se encontraram.
François pensou: esse é o pato perfeito. Alexandre pensou: esse é o par perfeito.
François usou uma frase de Caio Fernando Abreu. Alexandre usou uma frase sua.
Iniciaram um namoro, cada um com uma vontade diversa. François queria experimentar o uso de alguém a maior prazo para depois jogar fora. Alexandre queria um amor para a vida toda, e pensava ter encontrado em François.
François era um sociopata. Alexandre era um parafílico.
François queria ter a inteligência e o carisma de Alexandre. Alexandre queria ter François pra si.
Alexandre foi até Canela, um dia, para visitar François. François lhe prometeu casa. Alexandre foi forçado a ficar no hotel, pelo jogo de François. François lhe prometeu o mundo. Alexandre não teve nada. François lhe pediu para entrar na Marinha do Brasil, para que pudessem se casar, já que eram dois jovens e não tinham dinheiro. Alexandre, de pronto, aceitou.
François fez concurso para a Universidade Federal de Santa Catarina, para se ver livre de Alexandre. Alexandre fez concurso para a Escola de Sargentos da Marinha, para se ver perto de François.
Quando Alexandre passou no concurso, François decretou que a sua brincadeira estava terminada e acabou o namoro (e o mundo de Alexandre). Quando François passou no concurso, Alexandre tentou dar os parabéns a François e dizer: "eu ainda estarei aqui, cara".
François sumiu no mundo. Alexandre o procurou.
François riu com toda a situação. Alexandre tentou se matar enforcado e não conseguiu.
François foi para a Universidade. Alexandre tornou-se um Sargento da Marinha.
François continuou sendo estudante da Universidade Federal de Santa Catarina. Alexandre foi transferido para o porto de Florianópolis.
François procurou Alexandre, quando o viu na rua, e disse que tudo havia acabado. Alexandre lhe disse que ele não perdia por esperar.
François não sentia nada. Alexandre só sentia ódio.
Alexandre armou para François. François não percebeu a armação de Alexandre.
François perdeu todos os seus amigos. Alexandre ganhou muitos amigos.
François perdeu sua casa. Alexandre comprou uma nova casa, com seu alto salário da marinha.
François entrou em depressão. Alexandre entrou em júbilo.
Alexandre lhe ofereceu uma corda. François se enforcou.
Alexandre disse que seu destino estava cumprido. François e ele se uniram, na morte.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O dia em que eu entrei no exército

"Assaz cretino sempre fui", costuma a ser meu bordão. Prova maior disto é que, graças à mesma pessoa filha da puta sempre mencionada - é, infelizmente, voltarei a te mencionar aqui por ora - eu estou no exército, sendo o mais nvo dançarino do conjunto do Village People. Sob promessas de um casamento, fui coagido a entrar para a instituição castrense do exército, convencer um coronel a me deixar tentar o Núcleo Preparatório de Oficiais da Reserva e assim fui, rumo ao desconhecido. Nem preciso me dizer que me lasquei.
Me lasquei porque o casamento que eu ia ter não rolou, todos sabem o porque - e graças a D'us que não houve, inclusive. Mas, me lasquei mais ainda, porque o exército é um tipo de decisão que não se pode voltar atrás: uma vez tomada, tomada está de vez.
Foi no início de fevereiro em que me apresentei na Junta de Serviço Militar. Muitas choradas, muitas conversas e consegui ser classificado para o Núcleo Preparatório de Oficiais da Reserva, com posterior apresentação num vinte e quatro de agosto daquele ano corrente. Não me importei, tudo que eu queria era casar e ser feliz com a pessoa que eu amava, dando-a um sustento digno e uma vida excelente, com as condições que o oficialato do exército proporcionar-me-ia.
Dispensado todo o bolodório que os prezados amigos já sabem, me apresentei no fatídico vinte e quatro de agosto. Cheguei às seis da manhã naquele quartel, um frio gelado vinha na espinha, com o medo de ter de servir. Eu pensava: "talvez se eu disser que não quero servir, eu tenha alguma chance". Lêdo engano.
Um soldado me recebeu na porta e colheu meu Certificado de Alistamento Militar. Fui encaminhado a um banco, repleto de gente fedorenta e estranha. Sentei e esperei, impacientemente, por uma hora e meia, até a hora que anunciaram meu nome. Levantei e formei uma fila.
Me informaram que fui dispensado da prestação do serviço militar. Fiquei radiante: pelo menos o último fardo que aquela relação desastrosa imputar-me-ia na vida seria descarregado, finalmente. Me encaminhei para a formação onde prestaria o juramento à bandeira, quando de repente, um tenente esbaforido veio da casa do caralho gritando meu nome. Atendi. Ele disse, em poucas palavras, tudo que eu mais temia ouvir: "você é considerado essencial ao serviço militar por possuir nível superior em andamento em direito. Venha para a outra fila".
Fudeu! Agora era hora de rezar pra que eu perdesse nos exames médicos.
O tenente conversou comigo sobre todas as minhas possibilidades, desde eu permanecer no Núcleo Preparatório de Oficiais da Reserva, até eu migrar para outra força (Marinha ou Força Aérea), sob pena de perder a patente de oficial e me tornar um mero praça. No dia seguinte, voltaria às quatro e quarenta em ponto naquele mesmo quartel para fazer uma bateria de exames de toda a sorte e saber realmente qual era o meu destino final.
No dia seguinte, voltei. Deveriam fazer dezesseis graus naquele fim de madrugada, mas me gelava a alma e cortava como se fossem dois graus. Fiz cara de mau, entreguei meu Certificado de Alistamento Militar ao sargento que estava na portaria e me encaminhei para uma fila, onde haviam vários dispensados do serviço militar que desejavam servir - e que viram toda a cena do tenente me chamando, e pra quem eu me tornei um verdadeiro ídolo, por ser considerado essencial. Fiz vários amigos, e eles me acompanharam até o fim do processo naquele dia: lhes ensinei, por exemplo, o que dizer à Junta de Seleção para ser escolhido.
Cheguei no exame médico. Me puseram só de cueca, junto com todos, e pulando de uma perna só. Achei verdadeiramente que aquele tenente-médico da marinha que nos pôs a fazer isso era um sádico, e disse: "deixe estar, seu tenente, que um dia virarei capitão e lhe fodo, seu escroque". Puxei um medidor de força, e descobriu-se que eu tinha a capacidade de suportar cento e setenta quilos (!) - o segundo colocado conseguia puxar cem. Um outro aspirante me mandou abaixar as calças e remexeu meu pênis de cabeça pra baixo numa verdadeira quase-masturbação, e constatou, definitivamente, que eu não tinha nenhuma doença sexualmente transmissível (meu urologista também sempre me disse, não precisava ser masturbado por um aspirante veado ¬¬). Depois, me vesti e fui fazer o exame de vista, coisa que fiz de óculos. :o)
Finda a bateria de exames médicos, fui fazer um teste de interesses. Provei, inocentemente, ao Exército Brasileiro, que eu tinha perfil para ser espião, pelas minhas escolhas no teste de interesses. Depois, fiz um teste de lógica - do qual, quem não acertar deverá receber a alcunha automaticamente de débil-mental. Me encaminhei, junto com todos os novos amigos, para os mesmos bancos cheios de gente fétida e estranha (ah, eles já não eram a gente fétida e estranha de antes) e começamos todos a conversar e nos aconselhar.
Depois, nos chamaram pra fazer o temido BCC: Bateria de Classificação dos Conscritos, aquele que, a depender do teu desempenho, pode te colocar pra ser um carregador de pedras do batalhão. Me dei extremamente bem no BCC, apesar das questões que envolviam mecânica de carros e de telégrafos, e fui levado para uma sala onde eu faria mais uma vez uma entrevista.
Na entrevista, avacalhei geral. Disse que era contra as drogas; disse que fui um eterno católico apostólico romano praticante; disse que era um antiquado homofóbico. Tudo isso, claro, pra não ser obrigado a virar um soldado lavador de banheiro, uma vez que eu seria obrigado a servir o exército graças à merda que eu fiz, motivado por vós-sabeis-quem.
No final das contas, veio o carimbo: "Se apresente no quartel no dia tal para receber seus novos uniformes, jurar a bandeira e receber instruções". Eu já sabia: naquele momento, Lúcifer estava assando pãezinhos especiais na sua confeitaria para mim.
E assim, foi o que D'us quis. Eu no exército.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Todos nós somos Sarney. Todos nós somos o Senado da República.

Sarney nomeia parentes para cargos públicos. Os senadores da República também. O Senador Arthur Vírgilio nomeia um assessor que estuda na Espanha e recebe um salário de três mil reais. Por que os execramos tanto? Por que cobramos deles a postura de bastiões da moral e da justiça?
Pra começar, caros leitores, eu vos indago: caso indigitados, por ato secreto, para a diretoria-geral das garagens do Senado - um cargo hipotético, obviamente - com ganhos percebidos de quinze mil reais mensais, não seria aceitado de bom grado por vós? Coloqueis a mão na consciência: eu duvido, eu duvido que cada um de vós não o aceitaria, não o agradeceria. Vós, que dais um cigarro ao segurança da quadra todas as noites, em troca do favor da especial atenção à sua casa subentendido; vós, que sois assistente do professor na sala de aula, sob o pretexto de receber favorecimentos subentendidos na hora das notas - não praticais, de todo, a mesma coisa que Sarney e sua base? Coloqueis a mão na consciência, senhores!
Com a possibilidade de tomar quinhentos mil reais emprestado, assaz livre de juros, nas mãos da vetusta instituição do Senado, não o farias, num caso de necessidade? Ah, eu duvido muito que recorrerias a um banco, pagando altíssimos juros, quando haveria a boníssima mão extendida da irmã gentil senatorial.
Sarney não faz diferente de nós, senhores: ele apenas tem o poder. Sarney somos nós. O Senado da República não age diferente de nós, ora criticando ao seu corpo, ora agindo escusamente por trás. O Senado da República somos nós, senhores. Façamos uma reflexão profunda: cheguemos todos à mesma conclusão, amigos - todos nós somos Sarney. Todos nós somos o Senado da República.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Correspondência com um anônimo

Lendo os comentários da minha última postagem, eis que deparo-me com o seguinte comentário, vindo de um anônimo:
"Tibério parece-me um tanto quanto suspeito em seu ponto de vista no que se relaciona vossa pessoa, Capitão. Será mesmo que és tudo que dizes ser?" (Anônimo, postado às 00:09).
Tenho alguns pontos a salientar quanto ao teu comentário, anônimo, que achei relevante.
1. Por que não mostras teu rosto, dizes teu nome e te escondes na carapuça do anonimato? Assim, é difícil responder-te diretamente - por mais que eu possa palpitar quem sejas.
2. Tibério não é suspeito para falar em ponto algum, analisando de fora da situação. Ele tem savoir de cause, conhecimento de causa, pra falar - conhece a minha história e me conhece, tendo estado diversas vezes pessoalmente comigo, conhecendo a minha casa, minha família e o meu comportamento em diversos dos seus aspectos, desde o melhor prisma, até o pior de todos, mais negro.
3. Sim, sou tudo o que digo ser. Lembre-te, ó neófito, quando digo que possuo inumeráveis "erros e desparates" - o que por si só já me faz ser parte do que digo ser. A generosidade, amizade e carinho, também, são inerentes ao feitio humano, escusáveis apenas aos sociopatas e todo o seu fancho - o que obviamente não sou, dado a presença constante de sentimentos, incluso os de dor, angústia e amor que já expressei aqui, outrora, o que me elimina completamente de qualquer categoria semelhante.
Me alimenta a alma, caro leitor, o desafio diário de viver - mesmo com todas as dificuldades que a vida me impõe, e impõe a todos, inclusive a ti. Me alimenta ainda mais, caro amigo - não sei se posso chamar-te de amigo (não sei quem és, talvez seja alguém de quem quero muita distância, mas tenho o palpite que não) - comentários de todo o tipo, desde os mais mordazes até os mais curiosos, que me fazem saber a impressão que isso aqui passa.
Acima de tudo, tenha a certeza de que, como conto tudo do fundo do coração, mesmo quando dou um conselho ou teorizo sobre algo, sou tudo o que digo ser. Duro, às vezes errado e grosseiro, mas generoso e bom amigo. Uma grande legião poderá provar-lhe que sim - e outra grande legião poderá provar-lhe, também, sobre o meu lado mau, que é pertinente a qualquer animal, haja visto que a maldade é instintiva quando provocada e sempre há um fundo.
Um abraço do seu,
Capitão Kohen

domingo, 16 de agosto de 2009

Um desabafo muito especial sobre mim: acabou. Acabou mesmo.

Assaz cretino sempre fui, desde meus catorze anos, quando surgiu o primeiro relacionamento. Abandonei a vida confortável num colégio repleto de conhecidos, onde estudava, para ir estudar em outro colégio completamente estranho e ficar com a pessoa que eu amava. Ah, eu lá fiquei, apesar de todos os desconfortos daquelas pessoas completamente desacostumadas à vetusta disciplina castrense e ao pandemônio dos colégios de filhinhos de papai. Tudo, claro, por causa de alguém.
Este alguém - alguém filho-da-puta, pessoa miserável, sem escrúpulos - me traiu com um grande amigo da sala (!) e, insatisfeito, com a melhor amiga da sala (!), demonstrando uma bissexualidade completamente desconhecida até então. Eu, grande corno que fui, abandonei aquele colégio e, com o rabo entre as pernas, não podendo mais retornar à minha amada instituição de outrora, me mudei para um outro colégio.
Foi-se aí o meu primeiro amor. Grandinho, não grande amor. Sofri por meses. Depois de encontrar esta pessoa numa conversa entre amigos, e esta pessoa simplesmente ter me ignorado solenemente, o meu sentimento passou, minguou, e passou a ser completamente insignificante na minha vida - eh, meu coração tem umas reações deveras estranhas quanto ao amor. Depois deste relacionamento, houveram outros pouco dignos de nota, que não citarei.
Daí, veio outra pessoa. Assaz cretino que sou, acreditei veementemente no sentimento e me entreguei ao relacionamento. Meses passados, descobri que, outra vez, havia sido chifrado três vezes, inclusive havendo um caso paralelo ao relacionamento. Terminei, tendo perdoado a posteriori e retornado.
Insatisfeita a pessoa com toda a canalhice, um mês depois de retomado o relacionamento, convido-a para sair: ela disse que não ia. Então, resolvi sair e... Saí, mesmo, para uma festa, no intuito de acompanhar um, até então, bom amigo. Chegando no local, encontro a pessoinha canalha dançando com sua prima. Tentei beijá-la uma vez, e ela vira o rosto. Tentei beijá-la outra vez, e ela vira o rosto de novo. Perguntei o que havia, e ela disse que nada queria mais, e estava ali para ficar com outras pessoas. Tudo bem, outro baque.
Houveram outros relacionamentos dignos de nota depois, mas não os contarei.
Daí, veio finalmente um grande amor. Conheci num grupo de discussões que eu chefiava. Conversa vai, conversa vem, nasceu um sentimento dentro de mim. A coisa foi forte, a pessoa inclusive me fez prometê-la em casamento (e depois, fui descobrir que me deixou porque a família não gostava: vejam quanta incoerência, não enfrentou a família por alguém que se casaria, não?). Um belo dia, cansada de muitas coisas - inclusive, do desgosto de sua família por mim - resolveu me abandonar e sumir no mundo, não sem antes dizer que retornaria quando tudo se estabilizasse.
Hoje, finalmente depois de seis meses, tivemos uma conversa - motivada pelas minhas postagens que, incrivelmente, esta pessoa lia. A primeira conversa foi bem desagradável. Disse parte do que tinha para dizer, inclusive do meu sentimento de raiva e nojo. A segunda conversa, eu fui finalmente sincero: disse que a amei até hoje, e talvez ame até amanhã ou depois: logo, a esquecerei, como aconteceu com o primeiro amor e o segundo amor. ASSAZ CRETINO eu fui, mas assaz cretino não serei mais.
E caso leias alguma vez de novo isso aqui, como fizeste, eu tenho algo a te dizer: perdeste uma grande oportunidade de ser feliz ao lado de alguém que poderia te dar todo o amor do mundo. Perdeste a oportunidade de entrar, também, pra uma família que te receberia como uma verdadeira parte dela. Perdeste uma oportunidade de não ter uma vida medíocre, como a que terás doravante, e de viver em completo júbilo - apesar de algumas desarmonias. Pudeste ser feliz. Pudeste.
Desejo sinceramente que alguém possa te fazer feliz neste mundo como eu poderia ter te feito. Desejo. Mas duvido muito, e acredito, em nome de todos os Santos, que até Ele duvida.
Mas D'us é muito sábio, e eu nunca duvido da sapiência do Senhor. Ele sabia, acima de tudo, que não é de teu merecimento ter alguém como eu que, apesar de todos os erros e desparates, é uma fonte infinita de amizade, carinho, generosidade, compaixão e amor.

Uma excessão, sem conselho, sem nada: ao amigo Tibério

Resolvi abrir esta exceção e, por ora, não aconselhar ninguém e nem nada para dizer algumas palavrinhas de agradecimento, amizade e carinho a uma pessoa muito especial - o Tibério. Tibério foi uma pessoa incrível que apareceu na minha vida, vinda de um caminho completamente oposto e que tinha tudo para ser meu inimigo, mas, por uma grande ironia do destino, tudo que há entre nós é a grande vontade de vermo-nos mais cada hora.
Estranho perceber, caros amigos, como uma amizade fraterna surge de uma completa antipatia e desgosto - que nutríamos um pelo outro, sem havermos trocado uma palavra sequer. De repente, descobrimos a música como algo que nos juntava; depois, o mesmo tipo de humor ácido e sarcástico; e, por fim, descobrimos que quase tudo (exceto Amy Winehouse, que pelo amor de Deus, é um mau gosto muito particular dele) já nos era afim (*afim, de afinidade).
É basicamente isso. Desejo a todos os meus leitores que tenham grandes amigos como os meus, e recomendo vivamente que demonstrem a eles o seu carinho.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A sanha punitiva da vingança (lex poenalis maxima!)

A sanha punitiva da vingança, quando provocada, é uma desgraça. Não respeita nenhum princípio moral, ético ou religioso que se valha. Não respeita momento pra chegar, não respeita hora pra se pensar. Ela chega e toma conta, e se vale da forma mais cruel possível.
"La venganza es un plato que se come helado", já diziam meus consangüíneos espanhóis. Na hora em que se vem a mente a vontade de se vingar, vem-se a mente aquela vontade de fazê-lo de imediato - mas daí, a nossa consciência manda executar a nossa lex poenalis maxima propriæ lentamente, visto que cozinhando em fogo baixo se obtem os pratos com melhores sabores.
Aí vão alguns segredos para quem se encontra na sanha punitiva da vingança, para executá-la de forma certeira:
1. Analise todos os passos do seu inimigo. Onde ele vai, o que ele fez, e, acima de tudo, perceba quais são todas as suas fraquezas. Isso pode vos ser útil.
2. Colha as mínimas informações: desde do tange à comida preferida até o número da identidade. Lembre-se: tudo isso vos será útil.
3. Deixe o seu inimigo se sentir livre e todo-poderoso. Quanto mais ele tiver a sensação de poder e liberdade, maior será o tombo do alazão que monta. (Se não souber o que é alazão, amigo, Google!).
4. Plante espias no seu encalço. Isso poderá ser feito através de vossos amigos fiéis, que poder-vos-eis ajudar repassando informações valiosas sobre as condutas das pessoas enquanto se encontram distante do seu território de observação.
5. Promulgue uma conduta de terrorismo psicológico. Faça a pessoa se sentir louca e perdida.
6. Isole-a.
7. Faça-a perder tudo que tem de mais valioso (dentro do limite do possível, sem incidires em condutas delituosas, por favor!).
8. Ataque a presa.
A todos aqueles que não precisam do exercício desta lex poenalis maxima pro inimigo, não se sintam tranquilos: um dia, precisarão do uso do conselho. A vingança é nobre, sim, e se faz necessária quando a dor da mágoa e da ofensa se lhe corrói completamente.
Quando eu tiver mais paciência, discorrerei um pouco mais sobre dicas em prol da sanha punitiva da vingança.

domingo, 2 de agosto de 2009

"Não pare, mire sempre em frente, que o tempo não espera que você volte atrás"

O título desta postagem é uma mensagem no perfil do Orkut de alguém que visito, religiosamente, todos os dias. Este alguém talvez saiba, talvez não, que o visito religiosamente todos os dias.
"Não pare, mire sempre em frente, que o tempo não espera que você volte atrás". Muito louvável essa coisa de esquecer o passado e seguir para frente com questões mal resolvidas. O tempo realmente não espera que nós voltemos atrás, amigos, mas transforma sempre o passado em presente e futuro quando menos esperamos.
Por isso, não considere o passado como passado, exceto quando este se referem a coisas impossíveis. Se acertar com alguém outra vez não é impossível. Se reencontrar com alguém que vos fizeste mal irreparável não é impossível. Isto acontece o tempo todo, e pode acontecer quando vós menos esperais.
O tempo não volta atrás, é verdade, mas traz pessoas, situações e coisas do passado sempre para o presente e para o futuro. Não podemos ignorar as coisas, e sempre temos de estar bem com elas - não só conosco mesmo, mas com as coisas também.
E, a propósito: quando essa pessoa menos esperar, o passado vai reaparecer à sua frente e vai se transformar em presente. E o passado já é seu futuro.

Ich habe Anhänger!

Estava eu, em mais uma daquelas reuniões insuportáveis na Procuradoria da República, quando recebo um telefonema com prefixo (11) - de São Paulo, obviamente, ou cercanias. Saí para atender. Era um seguidor do meu blog.
Fico sinceramente muito emocionado quando sei que tem gente que visita isso aqui - eu achava que era o único, que só aparecia para escrever e verificar o ClusterMaps. Todos vós que aqui apareceis, um muito obrigado e a certeza de que tentarei me aprimorar cada dia mais, para levar-vos conselhos, humor e toda aquela coisa típica de um cassino dos oficiais. :o)
A propósito - peço-lhe profundas desculpas por não ter atendido direito, mas o pessoal estava me gritando para voltar à reunião. :o(