quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Quando a frustração domina o sujeito

Aos vinte ou aos trinta, será que ainda posso mudar o rumo de minha vida? O arrependimento das coisas que não fiz, mas queria fazer - a frustração subseqüente a isso - termina me domiua prnando bastante. Queria ter sorrido mais nas horas que era pra eu ter sorrido e deixei de fazê-lo, e isso me dói. Queria ter mandado mais gente se foder, também, mas não fiz isso quando deveria tê-lo feito. Deveria ter brilhado mais quando tinha uma piada na ponta da língua pra contar pra todo mundo, mas terminei contando pro colega do lado e ele levou o crédito - enquanto eu, fiquei como aquele cara sem humor de sempre.

As coisas que deixei de fazer me dominam de tal forma que as pessoas pensam que sou o oposto do que sou. Juram que tudo na minha vida é feito com uma precisão cirúrgica, e que sou frio como uma pedra de gelo, mas desconhecem que eu não sei o que estou fazendo na maioria das vezes, e que sou bastante passional.

Mas se eu for quem eu sou, virá o despeito alheio - e aumentará em milhares de degraus pra subir a distância que as pessoas têm de mim. Se já me temem por minhas opiniões fortes ou pelos poucos rompantes que tenho, e se me temem pelo respeito que tomam à pessoa que acham que eu sou, avalie se eu for quem eu sou de verdade? É melhor não arriscar, mesmo, sê-lo.

E você nem sabe que eu existo! - e mais desabafo sobre o ENEM.

E é assim que a gente toca a vida. Eu sei quem é você, e você não sabe que eu existo da forma como meu coração existe - e funciona; tampouco conhece como minha cabeça deseja que eu toque a vida, mesmo com aquela vozinha no subconsciente me inibindo. Ou não repara. Ou os dois, sei lá.

No fundo, resta uma esperança de que algum dia você me note.

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E esse ENEM fodeu a vida de todo mundo, hein? Eu, que estava crente de que me tornaria médico em seis anos, talvez tenha de me contentar em ser psicólogo. Ou voltar àquela merda de sonho de ser advogado.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sentimento revolucionário e administração pública não combinam!

Todo mundo adora sentir palpitar no coração algum sentimento revolucionariozinho. Se sentir parte de um grupo que subverte a ordem das coisas é um sentimento bacana: assim, se compreende o porque tantos emos, tantos playssons, tantos grupinhos que por aí vão.

Esse sentimento de associação a um grupo é fantástico, de verdade. Contudo, devem existir alguns limites: os seus interesses de autossatisfação não devem passar por cima do direito de todas as outras pessoas. E é esse o perigo real quando você vê palpitar nos coraçõezinhos de estudantes universitários esse sentimento, se associando em torno de uma chapa que pretende administrar uma universidade.

É bom ser punk, é bom ser emo, é bom ser o que quer que seja. Mas devemos ter a seriedade de perceber o que é o melhor. E é nesse esquema que estão funcionando as eleições pra reitor e vice-reitor da minha universidade.

Um grupo pretende continuar no poder, consolidando a construção da universidade - que é muito jovem, aliás, mas já tem um mundo de cursos e de prédios. Um outro grupo pretende fazer um experimento na Universidade, usando essas táticas de associação: dizem que "pretendem" promover uma revolução, que vai acontecer a primavera universitária (uma alusão cretina à primavera árabe, que sequer é uma primavera: substituíram uma ditadura por outra), mas na verdade, não vão fazer muito mais que destruir e virar de ponta a cabeça na Universidade.

Como eu gosto de dar conselho, se tem algum leitor meu que estuda no mesmo lugar que eu, perceba: vamos votar sério pra conseguir se formar tendo um banheiro decente pra usar, livros pra estudar e uma cadeira pra sentar (coisa que não tem em universidades federais de "ponta", como a UFBA). No dia 9, vamos votar na chapa 2, pra que a Univasf continue valendo alguma coisa.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um olá (e um conselhinho sobre amor).

Em primeiro lugar, meu abraço aos curiosos de Jaboatão, Penápolis, Springfield e de onde mais que vieram me visitar hoje. Espero que voltem. :)

Eu queria muito dizer que o amor é uma coisa linda, mas não é. Você tem de aprender a engolir a seco muita coisa - principalmente a vontade de quebrar todos os dentes do seu parceiro e fazê-lo engolir cada um. Você tem de aprender a perdoar muita coisa, até traição. Mas no final das contas, vale a pena, se você acredita no amor.

O importante é que o amor não seja só sexo - é a garantia que saber-se-á perdoar e se segurar quando vier a tempestade. Vem a impotência, a menopausa, a andropausa, o diabo... O sexo acaba de certa forma. Se o amor pra você for o sexo, fudeu - não tem mais amor também. A base do amor, no fundo, no fundo, é a amizade que une você ao outro.

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No mais, lhes recomendo ler "Passando a limpo", de Pedro Collor de Mello (1952-1994) e Dora Kramer. É sobre o Collor. Tá certo que é história e tal, mas tem casos divertidos, como o da primeira-dama, que disse que não gostava de ir a Nova York, porque a Europa era provinciana demais.

Um grande abraço!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Melhor ser um solitário que assim se sabe

A solidão, vira-e-mexe, é sintoma da falta de saco. O solitário não tem saco pra procurar um pretexto pra ligar. O solitário não tem saco pra procurar um pretexto pra dizer o velho amém tripo do "oi-tudo-bem?". O solitário simplesmente não tem saco pra tua falta de coragem de dizer "oi, eu sinto vontade de lhe dizer oi". O solitário não tem saco pr'aqueles três beijinhos direita-esquerda-direita da bochecha, sem que tenha sentido fazer isso.

Mas isso não quer dizer que o solitário seja solitário por opção. A opção é dos outros, que preferem seguir suas vidas como se os solitários não existissem, como se os solitários não fizessem diferença. E é esse o grande problema: os solitários fazem toda a diferença. Aquele solitário poderia ter sido o teu mais novo amigo-de-infância-dos-últimos-cinco minutos. Ele poderia ter escutado teu choro e ter dado risada contigo. No fundo, o solitário é menos solitário do que tu és: o solitário se sabe na solidão e continua a empurrando com a barriga como se ela não existisse. Tu, não percebes o vazio da solidão que tens, ao perceber que não tem com quem olhar a lua e ligar às duas manhã só pra dizer: "eu estava pensando em ti agora. Gosto muito de ti". O solitário pode ser ele mesmo dentro de sua solidão; tu, sequer podes sê-lo, porque tens um mundo pra fingir que estás acompanhado-e-muito-bem. No fundo, talvez valha a pena a falta de saco do solitário - a ele, ficou poupado o sofrimento da decepção ao perceber que tu não podes desnudar-se de tua carapuça e tornar-se humilde a ponto de reconhecer tua própria solidão e perceber, afinal de contas, que deixou de ter o amigo mais fantástico que existe.

No final das contas, sempre é assim: as melhores pessoas estão trancadas dentro do seu próprio mundo, dentro de sua própria solidão. E as piores, estão aí, sem perceber que fingem conhecer o mundo - acreditando em sua própria mentira - quando na verdade, são incapazes de descer a seu próprio recanto.

Uma ode ao que desconhecemos de nós dois.

Penso naquele cigarro que não fumamos, naquela cerveja que não tomamos, naquelas duas ou três palavras que não trocamos, naquele beijo-no-rosto que não demos, naquele livro que não comentamos. Pior. Naquela crença que não compartilhamos, naquele olhar que trocamos e que não passou de um olhar, na completa ignorância tua de quem eu sou, e no vasto conhecimento meu de quem tu és. E daí, percebo que estou pensando por pura preguiça de ir lavar uma roupa, de varrer a casa, ou de escrever um artigo científico.

E daí, percebo que não fumamos aquele cigarro, não tomamos aquela cerveja, não trocamos aquelas duas ou três palavras, não demos aquele beijo estalado na bochecha, não comentamos aquele livro, não compartilhamos as crenças, os olhares, justamente porque eu não sou ninguém - e tu, meu d-us, também, porque só ficou no plano do pensamento.

Mas daí, penso que aquele cigarro poderia ter sido muito mal-tragado, e aquelas duas ou três palavras poderiam ter sido ásperas, ao invés de confortáveis; que aquele beijo poderia ter sido bem como o do Judas; que aquele livro poderia ter nos semeado a discórdia - e melhor que não tenhamos o lido juntos, porque assim, não discordamos, não interagimos, não nos conhecemos. Teria valido a pena se tudo isso acontecesse, mas foi bom termos nos poupado do simples dispêndio de energia. Ao menos, me rendeu mais um texto pra posteridade. A ti, de lucro, veio a manutenção da sanidade por mais vinte minutos, posto que sou assim: amado ou odiado, mas sempre por um tempo mais rápido do que o que leva uma gota pra se desmanchar no chão. Te veio neste bolo, também, a sorte de não ter lido isso: assim, não perdes a fascinação ao descobrir que sou um péssimo escritor.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Dois amantes felizes não têm fim nem morte

"Dois amantes felizes não têm fim nem morte
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza". (Pablo Neruda).

Afinal de contas, por mais que doa, que corroa, que demore, que seja necessário que suplantemos nosso orgulho e nossa certeza e total confiança da nossa verdade, haverei de te perdoar, haverás de me perdoar, haveremos de nos perdoar. Até que venha a próxima. E na próxima, será assim também, ainda que mais doído seja o mal que me faças ou que eu te faça. É natural que o amor sempre carregue aquele bouquet, aquele terroir de paixão. E que nos lembremos que paixão não é só prazer - paixão carrega em seu sentido original dor e sofrimento.

Mas haveremos de nos amar até depois que a morte nos separe, por que ainda que nos separe, haverá de nos reunir outro dia. E quando nos reunir de novo, recomeçaremos do zero, neste mesmo ciclo de nascer e morrer, de amar e odiar. O amor é assim. Se não fosse, não teria graça.

O tempo perdido

Estamos sempre correndo atrás do tempo perdido. Sempre nos lamentando por ele, no fundo, no fundo. Só que ninguém percebe que este mesmo tempo está ali, apontando e rindo da sua cara, graças à nossa inépcia em administrá-lo, em subjugá-lo, em tirar ele deste desencontro e encontrá-lo.

É muito simples achar este tempo. É só fingir que nunca passou e reaparecer de surpresa. É só fazer o que teve de ser feito. O grande problema é coragem de recomeçar do zero. De trazer à tona depois de anos as soluções que não encontramos. É o medo que é grande: da rejeição do outro que perdemos pelo tempo; de ser zombado por ter se arrependido, voltado atrás e recomeçado a caminhada; de voltar e dizer aquele "oi" que não demos, e mostrar os dentes.

Nós temos medo, meus amigos, de sermos taxados de loucos ao correr atrás do tempo perdido. Loucos são aqueles que riem de nós por corrermos atrás dele - o tempo - e laçá-lo como se fôssemos o boiadeiro, e ele, o touro arredio. Mas não são loucos tão somente por terem rido; são loucos porque desejam exatamente ter a nossa coragem de correr atrás e riem, de frente, pra guardar o choro de sua covardia, por trás.

NÃO DEDICO ESTE TEXTO A NINGUÉM. POR FAVOR, NÃO SUBVERTAM O QUE NÃO HÁ DE SER SUBVERTIDO; NÃO TIREM O SENTIDO QUE DEVERIA TER, ATÉ PORQUE NÃO HÁ SENTIDO: JÁ LHES DISSE QUE QUEM FAZ SENTIDO É SOLDADO!

A vida não faz sentido. Quem faz sentido é soldado.

Mário Quintana já dizia que "há noites em que eu não posso dormir por tudo que eu deixei de cometer"; "que quem faz sentido é soldado"; e "que se me esqueceres, esqueça-me bem devagarinho". Mas a gente coninua deixando de cometer o que deveria, ou o que no fundo queria, por medo; continua procurando o sentido da vida; e continua querendo que se esqueçam de si rápido, mas continuem lembrando, numa incoerência filha de uma puta.

Nessa história, já não sei mais o que significa realmente o que dizem ou o que falam. Dizem que amam, mas traem; dizem que odeiam, mas continuam velando e pensando diuturnamente por mim; dizem que me gostam, mas me são indiferentes. E eu vou aprendendo que o sentido não existe: que perdoar não é esquecer, que perdoar não é admitir, que perdoar não é lembrar sem desprezo e nojo - até porque se pode perdoar com pena, mas com pena de nojo, nunca com pena de pena mesmo.

Dizem que parar de fumar faz um bem danado, mas os franceses bebem, comem e fumam e continuam vivendo melhor que os alemães vegetarianos, abstêmios e não-fumantes - e que nunca olvidemos do exemplo de Hitler.  Daqui a pouco, vida saudável também dará câncer. E tudo sempre continua sem sentido.

A vida não faz sentido. Você é carrancudo, mas pode ser feliz. Você pode ser áustero, estóico, mas pode ter um excelente humor e ser chorão sem que ninguém perceba. Pena que ninguém perceba, no fundo, que Mário Quintana tava certo: quem faz sentido é soldado.

E nesse bolo doido, no final das contas, nem eu faço sentido. Nem pra mim.

Petrolina - onde o preto é branco e o branco é preto

É um pequeno manual pra quem veio a Petrolina e não se acostumou; pra quem virá a Petrolina; ou quem sempre viveu e não aprendeu a regra essencial do bom-viver. Se você leu Orwell e aprendeu o que é duplipensar, você está pronto pra vir morar em Petrolina. Se sabe inclusive internalizar o duplipensar e desenvolveu o duplifalar, vai viver em Petrolina feliz por muitos e muitos anos. Petrolina é a terra onde você não é o que é e é o que diz não ser, salvo raríssimas exceções.

Petrolina é uma terra (repito, salvo raríssimas exceções) onde o católico não vai à missa; se vai, comunga sem se confessar; se confessado está, não pediu perdão a D-us; se pediu perdão a D-us, não pediu a quem ofendeu; se não ofendeu, não pediu perdão por ter ofendido. É onde o crente não bebe, não fuma e não faz sexo fora do casamento, odeia os gays e é honesto até o talo - mas ou bebe, ou fuma, ou fode, ou é gay, ou é desonesto, ou todos os cinco de vez. É onde o gay é hétero, ou se muito admite, é bissexual. É onde se ama a amiga, e por trás, pinta-se-lhe a caveira. É onde o melhor amigo é o irmão de todas as horas, mas dentro do coração, é um boçal arrogante que você quer que se foda. É onde o certinho nunca é certinho. É onde o namorado ou o marido fiel põe cornos à namorada ou namorado a todo o tempo, e vice versa. É a terra onde não se aplica o ditado de que o que os olhos não veem, o coração não sente: os olhos podem ver, os ouvidos podem ouvir, o coração pode sentir, mas se você disser que o que é, não é, então está tudo certo.

Abro exceções, mas muito poucas. Eu aprendi que o duplipensar e o duplifalar é essencial pra viver em Petrolina. E vou me adequando, vou mudando. Até porque em Petrolina, se você me disser que o preto é branco e o branco é preto, por mais que eu saiba que o branco é branco e o preto é preto, o branco será preto e o preto será branco.

Das análises da história geral do blog

Eu acho que foi minha tendência começar as postagens desde 2009 com um título maçante. Foda-se. Tô nem aí.

Meu blog foi bacana. Já passou por dois casos de amor meus, três dos outros, duas traições, uma surra, um morto que voltou das trevas pra reviver (porque não tinha morrido) - e depois terminou morrendo assassinado na cadeia (EU JURO QUE ISSO ACONTECEU!), duas mudanças de cidade, três cursos superiores diferentes, duas profissões diferentes que já não exerço, duas dos outros...

Já passou por mudanças de vida dos outros graças aos meus conselhos imbecis, já passou por um longo período de abandono donde a fonte secou, já passou por apertos de mão na rua, por adicionadas inocentes no MSN, por textos inteiros em latim, outros em português bem caturro, e outros na linguagem mais chula possível.

Esse blog conta uma história. Conta a história de um cara que não precisava, pra fazer sentido, ser soldado - e me perdoe Mário Quintana. Conta a história de um cara que é um fracassado pra uns, herói pros outros. Conta uma história linda e triste, com seus ups de alegria; e feia e alegre, com seus downs de tristeza.

Decidi voltar a contar minha história aqui, despido da farda e com os sentimentos mais desnudos que nunca. Afinal de contas, que custa desnudar-me, se ninguém reconhece quem está por trás do pseudônimo - salvo uns raros gatos pingados?

A opção de se tornar um stalker

Antes de mais nada, queria dizer que é muito bom estar voltando ao meu cantinho, ao meu diário.

Depois de quase dois anos morando nesta cidade nova e linda - Petrolina - eu não conheço muita gente, ainda. Tirando pelas caminhadas na Orla, onde é inevitável encontrar ao menos um conhecido que te diga "oi-tudo-bem?-e-você?", não tenho muito com quem falar. Graças ao isolamento, por mais que você não seja um anormal ou um psicopata, é inevitável que você repare em algumas pessoas.

Desenvolvi o passatempo de observar as pessoas na cantina da faculdade ou no shopping, na portaria do condomínio, em todos estes lugares. Me tornei um stalker involuntário - de tanto não ter o que fazer, e de tanto observar, termino sabendo muito sobre as pessoas. Chegou num ponto em que, por exemplo, examinando minhas recordações, sei dizer que Caio, Tício e Mévio são bons amigos que gostam de jogar futebol juntos no sábado, tomar uma cerveja, mas tem interesses diversos; que Fulano tem uma namorada, mas é gay, tem um namorado também, que ambos não sabem; que Siclana adora fotografia, estuda psicologia, fuma escondido e bebe todos os sábados na Orla; que Beltrano lê Sidney Sheldon, adora ouvir Pitty, e não come carne por nada no mundo.

Consigo dizer isso sem nem ter trocado uma palavra. Termino conhecendo as pessoas por osmose, nesse processo de isolação. O ruim disso? Sei sobre todos, mas ninguém sabe de mim. Os poucos que repararam na minha existência, por aqui, tem uma impressão puta errada. A mera impressão que as pessoas dessa cidade têm é que sou um forever alone, e mais nada. De com quem parou pra conversar comigo, já ouvi:
a) Você é muito sério. As pessoas tem medo de você;
b) Você fica absorto nos seus pensamentos, e por mais que queiram falar com você, ninguém gostaria de lhe interromper.
Nessas horas, me dá vontade de mandar neguinho às favas. Oras, quanto à a): quem é que ri sozinho? Quanto a b): como não ficar absorto nos meus pensamentos (ou na verdade, stalkeando as pessoas), se ninguém repara que você existe?

Ser um stalker é uma opção pra não bater a solidão. Aos meus amigos que leem isso aqui, mas também são forever alone, fica a dica: se tornem stalker também. Com o tempo, você desenvolve uma diversão solitária até melhor que a masturbação - e de quebra, tem a opção de se sentir um Hercules Poirot (ou um inspetor Jacques Clouseau, se você for atrapalhado) da vida.

Comece observando, reparando nas pessoas, quando você não estiver fazendo nada e quiser matando o tempo. Com o passar dos dias, você passa a perceber do que elas gostam, como se chamam, o que fazem da vida... Embora você tenha de se controlar profundamente pra não querer conhecê-las mais de perto, pra não trocar uma palavra sem pretexto - a menos que você queira ser chamado de louco, porque aqui não é Salvador, pras pessoas darem "oi" sem se conhecerem e virarem amigos de infância em cinco minutos -  vale a pena, pela diversão.

Nessas horas, eu sinto saudade de Salvador, onde eu não precisava ser stalker e podia dialogar. Contudo, a opção de ser stalker tem sido bem divertida.

Um abraço do velho capitão!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Mors certa, hora incerta

Estava eu, tranquilamente sentado em frente a meu computador, quando Tibério vira pra mim e me diz: "lembra do Anderson? Mainha disse que ele está em São Paulo, em estado terminal, por causa de AIDS". Fiquei chocado. Nunca esperaria, por exemplo, que o Anderson tivesse AIDS; em outubro ele estava muito bem, quando foi votar nas eleições e nos encontramos no colégio. Certo que ele era tido às suas maluquices, mas era de se esperar que pelo menos tivesse o cuidado de usar camisinha: não que todos os que tenham AIDS a tenham por que não usam, mas o caso dele certamente foi o de esquecer da utilidade dela.
Não vou entrar no mérito da AIDS. Vou entrar no mérito do choque. É de estranhar o quão fácil as pessoas que nós conhecemos e que até mesmo somos amigos, somem e morrem. Esse foi um caso, e estou estupefato com a notícia: por mais que ele fosse doido, era uma pessoa com um coração grande e muito bem-quista, e ainda que tenha buscado uma morte dessas, não merecia morrer assim.
Eu não compreendo, também, como as pessoas se deixam morrer disso. É difícil se morrer de AIDS: só se morre quando não se toma o devido cuidado.
A morte é muito certa; a hora da morte, é incerta. Nunca sabemos quando ela baterá à nossa porta; só sabemos que é certo de que baterá.
Muita gente que passa por nossas vidas, do nada, somem e morrem. Eu não sei se é normal lamentar a morte delas, mas o choque é normal. O que nos resta é rezar para que Deus incomende a alma delas.
Mors certa, hora incerta.