terça-feira, 25 de outubro de 2011

A vida não faz sentido. Quem faz sentido é soldado.

Mário Quintana já dizia que "há noites em que eu não posso dormir por tudo que eu deixei de cometer"; "que quem faz sentido é soldado"; e "que se me esqueceres, esqueça-me bem devagarinho". Mas a gente coninua deixando de cometer o que deveria, ou o que no fundo queria, por medo; continua procurando o sentido da vida; e continua querendo que se esqueçam de si rápido, mas continuem lembrando, numa incoerência filha de uma puta.

Nessa história, já não sei mais o que significa realmente o que dizem ou o que falam. Dizem que amam, mas traem; dizem que odeiam, mas continuam velando e pensando diuturnamente por mim; dizem que me gostam, mas me são indiferentes. E eu vou aprendendo que o sentido não existe: que perdoar não é esquecer, que perdoar não é admitir, que perdoar não é lembrar sem desprezo e nojo - até porque se pode perdoar com pena, mas com pena de nojo, nunca com pena de pena mesmo.

Dizem que parar de fumar faz um bem danado, mas os franceses bebem, comem e fumam e continuam vivendo melhor que os alemães vegetarianos, abstêmios e não-fumantes - e que nunca olvidemos do exemplo de Hitler.  Daqui a pouco, vida saudável também dará câncer. E tudo sempre continua sem sentido.

A vida não faz sentido. Você é carrancudo, mas pode ser feliz. Você pode ser áustero, estóico, mas pode ter um excelente humor e ser chorão sem que ninguém perceba. Pena que ninguém perceba, no fundo, que Mário Quintana tava certo: quem faz sentido é soldado.

E nesse bolo doido, no final das contas, nem eu faço sentido. Nem pra mim.

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