segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Do amor a um amigo ou feliz aniversário

Não sei o que farás no teu aniversário. Provavelmente, a última coisa que farás, sinceramente, é ler este blog. Assim sendo, esta é a forma que encontro de dizer o quanto te amo.
Meu amor por ti é algo muito certo. Certo como o calor do sertão, certo como o fato de que choverá no verão em Salvador. É imenso. Tão imenso que não se mensura. Não sei como nasceu, não sei como cresceu, só sei que de um dia para o outro, me percebi assim.
Não há outro amor que seja eterno que não o de dois amigos. Todos os outros acabam, e isso é sempre provado. Este, não. E não há abraço ou beijo melhor que o teu, ombro melhor que o teu, consolo melhor que o teu. Nada como tragarmos um cigarro junto ou beber da mesma cerveja, nos envenenando da mesma droga. Gozar da mesma risada, chorar do mesmo pranto, comer da mesma comida. Nada como estar contigo. E de certa forma, e um pouco por mérito meu, um pouco por mérito teu, estaremos cada dia mais juntos - e isto é certo, como dois são dois.
E de que me importaria qualquer outra coisa, se sei que sempre teremos um ao outro? E, ainda mais, se todo o tempo do mundo é nosso?
É tudo que eu queria dizer: que eu te amo. Feliz aniversário para ti. Espero no ano que vem te presentear melhor.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Nada pior do que me sentir espionado

Eu já elaborei uns quatro posts caprichados, mas perdi a vontade de publicá-los quando imaginei que você os leria. Chato isso.

Chato imaginar que eu estou servindo como modelo pra alguém. É, tipo modelo de "como quero ser quando eu crescer".
Chato me ver sendo minuciosamente analisado e, talvez, imitado ou avaliado em minhas palavras espontâneas, meu comportamento, idéias e posições.
Chato, principalmente, ver como é babaca ser um fantasma na vida de alguém.

Sabe o que eu penso? Eu penso que muita gente de altíssima competência gostaria de trabalhar ou estudar aí onde você se ocupa, mas não consegue uma vaga. É. Eu penso também, que essas mesmas pessoas altamente competentes estão deixando de ter uma chance de fazer um trabalho, de ser alguém legal aí enquanto você fica aí, procurando novidades sobre a minha insignificante vidinha. É.

Agora me senti com uns 13 anos de idade, mandando bilhetinho pra gente besta da oitava série.

Vê se não imita meu bilhete também, ô.

Coisa chata, viu.

P.S: E, logo mais (na próxima semana), voltaremos com nossa programação normal, quando eu finalmente já tiver encontrado um futuro-novo domicílio para alguém e um futuro-novo esconderijo pra mim , principalmente.

Até lá.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Minha lista de presentes

Todo mundo gosta de presentes. Eu também gosto. Como minha vida anda atribulada com uma série de projetos, certos presentinhos ajudar-me-iam. Quem puder me auxiliar com uma pequena contribuição, me dando um presente ou outro, ganhará minha gratidão eterna. Eis a lista:
1. Ternos novos

Ternos eu tenho demais, é verdade. Mas preciso de jaquetões, aqueles de seis botõs. Uma dica de onde encontrar jaquetões bons e baratos, que fogem dos preços da Ermenegildo Zegna ou do alfaiate mais próximo, é o eBay.

Se resolver me dar, por favor, me dê um preto, um cinza, um azul, um azul com botões dourados e aquele branco com botões dourados que me encantou muito. Aqui vai o link: http://stores.ebay.com/DRESS-SUITS__double-breasted-suit_W0QQ_sidZ2531616QQ_trksidZp4634Q2ec0Q2em14?_pgn=1

2. Uma moto nova

Se fores generoso demais e não tiveres com o que ou com quem gastar dinheiro, saiba que preciso de uma moto nova. Não sou ambicioso demais, não peço um carro: quero uma moto. Aceito uma Honda Biz, mas se quiser me dar uma Hornet, vem de bom grado também. Aqui está onde podes encontrar uma de mais pronta-entrega pra mim: http://www.petrolinamotos.com.br/novos.html

3. Um apartamento novo

Ooooras, vais que és uma pessoa generosa demais? Preciso de um apartamento novo, com vista para a Orla do Rio São Francisco. Não tenho links de imobiliárias para apresentar, porque Petrolina não chegou a este ponto de modernidade. Contudo, se não quiseres comprar por ti mesmo e fazer uma doação, favor depositar dois milhões na minha conta, e virá de bom grado.

4. Um emprego melhor que o exército

Todos sabem que oficiais do exército ganham bem, até. Mas, para mim, é insuficiente o dinheiro que cai no meu bolso. Uma alma caridosa poderia me dar um emprego que me pagasse bem o suficiente para curtir a vida loucamente? Eu agradeceria demais, por toda a vida.

5. Um amor novo

Oras, geral sabe que sou traumatizado com essas coisas de amor, principalmente depois da sacanagem que me fizeram por aí. Entretanto, pra renovar minhas forças e essas coisas bem básicas, ando precisando de um amor. Quem se dispuser, e atender às qualificações suficientemente, procure-me.

Pronto, eis minha lista de presentes. Não é muito ambiciosa. Contudo, se quiserem me dar outros presentes de natal, também aceitarei de bom grado. Procure-me, através do e-mail, para me dar... O seu presente.

Puta que pariu ou o dia em que se calou a verdadeira voz do Brasil

Luiz Carlos Alborghetti faleceu. Quem não o conheceu, é uma pena. Ele fez parte da minha infância, da minha adolescência e, em grande parte, formou o meu caráter. Ele podia ser uma pessoa muito dura, muito ácida, mas tinha uma generosidade que pouquíssimas pessoas tinham. E, por isso, não teve tudo o que merecia.
Morreu o maior comunicador do Brasil hoje, de câncer no pulmão. À família, meus mais sinceros pesares. À imensa legião de fãs e amigos dele, do qual faço parte - e muitos outros que, como eu, ligavam para o seu programa pelo menos uma vez por semana - só nos resta a dor e o consolo de que ele sempre será lembrado.
Sinceramente, chorei e estou chorando muito. Vá em paz, Mestre Dalborga.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre o ano de 2009

O ano de 2009 foi essencialmente estranho. Meus anos, geralmente, são repletos de reviravolta, como mudanças de cidade, emprego, ou de faculdade, mas nada tão esquisito como foi este ano.
Vamos ao que se passou.
Em janeiro de 2009, estava tudo excelente. Eu estava noivo, tudo aparentemente ia bem. Veio um resultado não tão esperado de um vestibular (para o qual não havia estudado e fiz a prova bêbado, claro, mas isso não contamos), mas relevei. Fui convencido de que o exército era a melhor solução para que "nosso" casamento pudesse rolar, e na primeira oportunidade, fui até o quartel reafirmar meu desejo de estar naquela instituição. Estava tudo lindo.
Em fevereiro, veio o primeiro baque. Por algum motivo muito escroto que os visitantes deste blog estão carecas de saber, meu noivado acabou e aquela pessoinha sumiu no mundo. Fudeu geral. Me prometeu que voltaria quando estivesse tudo bem, e tentei aceitar. Fui para uma nova faculdade e comecei uma nova fase da vida acadêmica, tentando superar a perda. Entrei em depressão, contudo, e comecei a me transformar num cara bem mau-humorado.
Em março, segui a vida estranhamente. Parei de ter notícias sobre aquela pessoa, mesmo procurando a todo o custo. Comecei a me destacar na nova faculdade e publiquei meu primeiro artigo naquele meio.
Em abril, minha avó favorita faleceu. Foi dura a perda. Apareceu, também, aquela pessoa que se tornaria a minha mais querida e mais especial de todas.
Em maio, estava decidido a me matar. Depois de muita coisa, uma legião de pessoas (encabeçadas pelo meu salvador pessoal, que não é Jesus Cristo), me dissuadiu desta besteira e decidi recomeçar minha vida com um novo objetivo: me vingar.
Em junho, nada de excepcional aconteceu, exceto um encontro que mudou, digamos assim, a minha vida. É, foi algo de excepcional.
Em julho, comecei a programar minha mudança de cidade. Havia cansado de Salvador e estava na hora de novos ares.
Em agosto, o exército me promoveu. Estava irritado, por um lado, porque não entrei exatamente por querer meu. Por outro lado, o poder que duas estrelas no ombro e uma arma me conferiam...
Em setembro, estava tudo quase certo: iria para Petrolina em outubro, resolver meu problema. Me convenci que o certo não era uma vingança, mas um acerto de contas que resolveria todo o meu problema interno (não faria esta pessoinha filha de uma puta pagar pelo que me fez, contudo).
Em outubro, fui para Petrolina. Depois de tudo ajeitado, a procurei e tive a conversa derradeira, que terminou em socos e pontapés violentos. Valeu a pena, descarreguei toda a minha raiva e percebi que não havia mais porque me vingar, e nem porque sentir absolutamente nada. Descobri, também, aquilo que sempre suspeitei: não havia sido nada mais que um boneco. Sinto pena do namorado dela, mal sabe o que ela o fará, como fez comigo. ;-P
Em novembro, foi hora de me preparar. Vieram provas que mudariam meu destino e decidiriam bastante meu futuro, se eu permaneceria à sombra do exército ou se eu faria uma nova carreira. Comecei o processo de transferência para uma nova faculdade (pública) e processos de vestibular, que culminariam em dezembro. Muito sol na cabeça, muito calor, e ainda ando tentando me acostumar com a idéia de Petrolina, do sertão e da falta dos meus pais. Sorte que tenho alguém para me ajudar a respirar (e aliás, que me tem sido a motivação para respirar, muito mais do que a ajuda).
Em dezembro, até agora, só D'us sabe o que acontecerá. Veremos os próximos capítulos.
(A propósito: obrigado pelas quase duas mil visitas!)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Encontros fortuitos na seleção da Universidade de Pernambuco

Escrevi um texto enorme aqui. Enorme mesmo.

Aí estava no quarto ou quinto parágrafo, e resolvi que tudo aquilo não fazia o menor sentido. Apaguei.

Essas poucas linhas dizem muito mais do que as centenas de palavras que eu batuquei antes.

Hoje em dia, "delete" é a única tecla que consegue realmente expressar minhas idéias.

P.S: e só um recado um recado a um desafeto: Deletei você desde sua morte. E você entendeu tarde demais.

domingo, 22 de novembro de 2009

Minhas reflexões sobre religião, especialmente sobre o tal Senhor Jesus Cristo

Tive experiências religiosas muito distintas. Fui criado com uma mãe judia, um pai ateu, estudei em colégio colégio católico. Aos oito anos, passei a estudar num colégio luterano (saí deste no ano seguinte). Minha mãe se converteu ao espiritismo muito depois. Tenho um avô pastor, uma avó pregadora de uma religião espiritualista muito louca, e dois avós que se fazem de católicos. Há um ano, me batizei na Igreja Católica, muito mais por amor a alguém do que a Cristo. Esta é uma síntese da minha experiência religiosa.
Perto do meu bar mitzvah, tive de começar a estudar a Torah com afinco. Comecei a ler incessantemente aquilo que os cristãos chamam de Velho Testamento, e nele, conheci profetas fantásticos. De Isaías, não gostei. Daniel e Jeremias, simpatizei mais. Elias, se tornou um dos meus preferidos. E Oséias, Zacarias, Sofonias, Habacuc, Naum, Obadias, Jonas, Amós, Malaquias... Todos eles trouxeram alguma coisa nova.
Contudo, com o advento da cristandade se me aproximando (a influência intensa de avós conversos ao cristianismo, minha mãe que se tornou espírita), decidi ler um pouco mais sobre Jesus, o Nazareno. Li intensamente o Novo Testamento (que, seguramente, ele não dizia ser filho de D'us ou o masiach, não antes do Concílio de Nicaea, onde colocaram palavras na sua boca) e achei fantástico tudo que ele havia dito. Ele tinha todas as características pra se consagrar um profeta - e, para mim, passou a ganhar esta qualificação. Enquanto uns o enxergam como um mentiroso que quis se passar por masiach, outros como o próprio masiach, ele para mim é o profeta Jesus.
Ele falava de amor. Não existe nada mais perfeito do que o amor, que constrói, quando é sincero. Se todos amassem como ele nos ditou, inspirado pelas palavras do Espírito Santo, talvez o mundo não andasse tão fodido como anda. Não teríamos uns enganando os outros, outros fingindo amarem para conseguir vantagens as quais não se sabem, outros amando sozinhos e sofrendo a amargura de amar, e coisas do tipo que configuram pecados piores do que os de matarem. Meu consolo é saber que estas pessoas (e, por mais engraçado que pareçam, muitos destes se declaram cristãos, das mais diferentes congregações!) violam a palavra do profeta Jesus, que foi inspirado pelo Espírito Santo e é o meu favorito, e pecam, pecam por não respeitar as máximas determinadas pelo Espírito Santo.
Contudo, das minhas experiências religiosas, tirei duas certezas: a de que a vingança é boa, porque é divina (D'us vinga os justos), e tudo que vem de D'us é bom; e, de que eu serei vingado um dia por Ele, da mais perfeita forma.
Ecce verbus.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quo vadis?

Onde estás indo, que mesmo fora da minha vida, cercas meu caminho? Onde estás indo, que mesmo com um recado claro como nunca de que nunca mais quero ver teu rosto ou ouvir tuas ardilosas palavras, insistes em mandar recados ou dizer que ainda estás por aqui? Onde estás indo? Quo vadis? Quo vadis, Domine?
Eu te proíbo de falar comigo. Eu te proíbo de me dizer qualquer coisa. Já basta. Eu tenho a minha visão - a mais escrota possível sobre ti, a mais vil, a mais sacana, e provavelmente a mais filha da puta - e tu tens a tua, que dizes ser a mesma sobre mim, mas no fundo, é a mesma sobre ti. Não me cerque mais. Não diga mais nada. Fora da minha vida.
Eu não tenho medo. Infelizmente, por força do destino, e destino este que me imputaste com tuas brincadeiras idiotas, eu tenho uma amiga de cromo sempre no coldre. Não me encha mais o saco. Não volte a cruzar meu caminho, a menos que seja para fazer algo diferente de tudo que tenhas feito - isso é, que seja algo bom e que seja sem eu, a priori, saber. Porque, certa hora, não perguntarei 'quo vadis?'. Perguntarei 'quo usque tandem?'
No fundo, quod me nutrit, me destruit.

domingo, 15 de novembro de 2009

E de repente, eu acordo:

Acho incrível como o possível vira impossível, como o amor vira ódio, como a vida vira morte, como um machudadinho vira uma doença, como o eterno acaba, como a força vira fraqueza, como amizades eternas mudam, como desconhecidos de um dia pro outro viram paixões e como o mundo se torna um lixo. Estranho isso acontecer bem na minha frente e eu só notar agora.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A gênese da apatia

Minha mãe costumava a me ninar cantando "João e Maria", de Chico Buarque. Esta mesma música, que lembra de um herói de faroeste, com uma vida repleta de felicidade e que vivia um amor que se pode chamar de perfeito, em seu final, lembra-nos que tudo sempre tem um triste fim. Não compreendo porque ela me ninava com esta música: talvez seja porque a sanfona de Sivuca, nesta, toca muito bem, ou a melodia composta era, sinceramente, das mais bonitas. Não entendo se era uma forma dela dizer que a vida dela já não ia tão bem assim. Não importa, no final das contas. Importa mesmo é que isto refletiu no seio da minha vida futura, porque naquela época era impossível de refletir - ainda mais que eu não possuia um sistema cognitivo formado.
Eis que me vejo estranhamente bem e mal. Tenho ao meu alcance absolutamente tudo que quero. Escrevo bem como poucos, por mais que comentários anônimos e imbecis (que sei exatamente quem os escreve, afinal, porque meu Q. I. não é dos mais baixos) reflitam uma opinião que não condizem, sinceramente, com a realidade, minha ou de outrém. Possuo uma família, que à sua maneira, é extremamente carinhosa e hábil com as minhas variações de humor - que em verdade, já não variam tanto assim, haja visto que desde algum tempo, tempo este que se eu pudesse mesurar, iam para mais de onze meses - mesmo sabendo que meu pai não pode lidar com determinadas condutas minhas por ser suficientemente antiquado e possuir uma formação castrense, e minha mãe não pode coadunar com as reprimendas fora do contexto contemporâneo de meu pai. Possuo amigos bons como raras pessoas podem possuir - e digo mais, só não falo que tenho amigos como ninguém pode ter, porque sei que pessoas, por mais vis que sejam, possuem amigos fiéis para as horas dificéis, como já demonstrei outrora em outro texto. Contudo, não posso dizer que meu coração anda bem - não porque eu ande com meu coração magoado, mas simplesmente porque já não tenho coração. E talvez, a falta de um coração seja a gênese da minha apatia.
Muita gente não pode especialmente compreender o que se passa, mas foram muitos os joguetes amorosos ao qual fui submetido. Certa feita, depois de uma conversa um pouco áspera (pra não dizer que ela seria tipificada pelo Código Penal como crime de lesão corporal) com alguém que havia sido especial pra mim e seu novo alguém, percebi mais do que nunca como aqueles que já disseram ter amor podem, simplesmente, mentir. O namorado desta pessoa um tanto quanto sagaz me qualificou como psicopata. Oras, pergunto, que terá dito ela ao meu respeito? Terá dito que eu havia mentido sobre algo? Terá dito ela que a traí? A verdade é que não, e poucas eram as minhas falhas, além da minha exacerbada possessividade e as minhas variações de humor. A verdade é que ela era uma sociopata, como poucas pessoas poderiam ser, e não pode mesurar as conseqüências do que ela faz, para ela e para outras pessoas. E eu fui um dos afetados pelo seu transtorno social de humor. Sinto sinceramente muita pena do seu novo namorado, que por ora a ama, como não poderia deixar de ser entre dois namorados, e tão somente pode acreditar nela - e eu recomendo vivamente que ele o faça, porque não importa se a pessoa ama e confia, o que nós devemos fazer, se sentimos necessidade, é amar e confiar, apesar das conseqüências futuras disso, nem sempre muito boas.
Este não foi o único joguete amoroso de que me refiro. Fui traído algumas vezes, outras vezes enganado também, outras vezes traído e enganado. E entendo exatamente o porque disso. A explicação, única e verdadeira, que posso encontrar, é o fato de ser bom demais para as pessoas - para não dizer otário. Sou daquele tipo que larga o mundo para ser feliz com alguém, se compreender que com a outra pessoa (e não naquela pessoa, porque isso é deveras doentio) posso ser feliz e junto posso encontrar a felicidade. E, sinceramente, por ainda perfazer aquele típico romântico, que acredita que sozinho não pode chegar a muitos lugares, é que me encontro apático.
Não acredito mais na possibilidade de amar, principalmente porque todas as vezes que amei não fui correspondido. Não acredito mais na possibilidade de viver, porque acredito que uma vida sem paixão de nada vale. E, como não posso dar fim a essa minha vida - que não é medíocre, haja vista que muitas pessoas precisam de mim, quer seja dos meus conselhos (não os daqui, mas outros de última hora), quer seja do meu afeto -porque prometi continuá-la, não sei exatamente o que fazer. Se não posso dar fim, torno-me apático, porque já não se faz presente mais a esperança de dias melhores para mim, porque para outros espero e sei que chegarão.
Eu não sei sinceramente o que será de mim nos próximos tempos. Espero que eu pelo menos possa encontrar um alento na minha carreira, já que dinheiro e formação servem para alguma coisa. No fundo, eu sei que dinheiro não é o suficiente. O que eu preciso é amar e ser amado - e, para falar a verdade, eu não apostaria mais que amarei um dia, e tenho certeza de que nunca serei amado. Veremos os próximos capítulos, como numa novela de Manoel Carlos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Minha apatia

A apatia tem me tomado um pouco conta. Não tenho inspiração pra escrever, não tenho inspiração pros meus artigos científicos, não tenho inspiração pra muita coisa. É realmente complicado aturar a apatia assim.
Espero que isso passe logo. Enquanto eu permanecer apático, não esperem muito de mim.

Partes

E é de mim que tenho medo. Sobretudo nestas fases em que não estou em mim, anestesiado por não me ter. De repente me pego frente ao espelho cantando canções dos tempos em que uma voz grave e doce me acompanhava. E de repente percebo que esses meus passos vacilantes não levam a lugar algum: ando em círculos, parando aqui e ali, querendo pouso sem ter onde pousar, amarrado a uma corrente que me puxa rumo ao que já foi, não deixando ser o que deve ser fluir como um rio, sempre o mesmo, sempre novo. Liberdade, palavra de ordem, onde estás que não te encontro? Em que recanto escuro se escondeu dentro de mim? E então me lembro que parte de mim ainda está lá, preso e enfraquecido, naquele passado que pinga lágrimas nos meus olhos. E a outra parte, esta que hoje comanda os gestos que me fazem, está aqui, assustadoramente gozando o novo da vida nova e sentindo-se tão velho quanto velhos são os meus temores. E esses pedaços separados brincam de cabo de guerra, fingindo que não sabem que um outro, um terceiro eu, dorme sobressaltado, um olho aberto, outro fechado, aguardando a hora da corda arrebentar. Será que então, neste momento que enxergo azul, serei novamente inteiro como jamais fui completamente?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quem tem guru, tem tudo.

Aquele dia era um dia de cão. Trabalho acumulado, estudo acumulado, provas acumuladas, contas acumuladas. Ele passou o dia correndo, gritando, ouvindo gritos. Parar pra comer? Sem tempo. Era tudo muito estressante. Vez em quando, pensava nas boas coisas da vida: se é que tinha esse luxo. Mas, só pensava. O único momento de prazer: ligar pro guru espiritual pra contar sobre o seu dia. Na realidade, não chegava a ser um guru. Era um suporte, um apoio, um amigo.

Fim do dia, a felicidade sorria pra ele. Mentira. Quando imaginou que estava tudo terminado, que agora ia descansar e sorrir, recebeu a ligação. Não é preciso entrar em detalhes, imaginemos que não foi coisa boa.

O semblante mudou, sentiu seu sangue parar de circular, um frio percorreu a espinha, uma dor no peito...

Dois dilemas: atender ou não, ser sincero ou não.

Atendeu. E foi sincero. Tudo o que perguntaram, respondeu. Além de sincero, educado. Na realidade, uns chamam essa sinceridade e educação de cinismo.

Após singelos 32 segundos de ligação, desligou. E quem estava ao lado, não no sentido literal, para compartilhar? O guru.

E o guru, após saber do que se tratava instigou ao confronto: “Liga e faz assim...”.

E assim ele fez. E fez um bem danado ter confrontado o problema. Pois, no confronto, ele conseguiu demonstrar que apesar de tudo, ele era forte.

Agora, a única pessoa que ele conseguia falar era com o guru, e a única palavra que saia de sua boca era: Obrigado.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sobre Davizinhos de Michelangelo ou epístola inspirada em "Salò o 120 giornate di Sodoma"

Eis que quando procurais companheiros, sempre tenta enxergar de um lado ou de outro um Davi (da escultura de Michelangelo Buonarroti) ou uma Vênus de Milo. Eis que quando procurais companheiros, nunca buscais enxergar o que há por trás daqueles portes de deuses gregos ou de ninfas romanas. A verdade é única: a perfeição e a empatia não se encontram disfarçados de beleza exterior - ainda que um pouco desta seja sempre necessária, afim de que não saiamos por aí arrolados ao lado de gente estranha.
Existem aqueles que dispensam um ou outro por uma gordurinha a mais; por peso de menos; por uma barba rala que não fecha, pela cor do cabelo opaco ou brilhoso demais. Alguém já parou pra colocar critérios na mesa como o gosto musical, os hábitos de leitura ou a boa escrita? E o cavalheirismo, será que se põe em voga ainda, ou o critério da beleza perfeita - como a escultura de Michelangelo - deve sempre falar mais alto?
Às vezes buscamos na beleza perfeita o companheirismo e, no final das contas, podemos enxergar que nada daquilo que buscamos era realmente verdadeiro. O companheiro outrora vistoso, de porte aquilino, se mostra mais vil que uma cobra e mais réptil que qualquer lagartixa suja de bueiro. A verdade é que, não desprezando de todo a beleza, que deve ser sempre um critério a contar, devemos também levar em consideração diversos fatores outros que não o fato de ser bonitos ou bonitas os alvos em questão, porque a decepção, quase sempre quando leva-se este fator como preponderante, é inevitável.
Para entender mais, assistam "Salò o 120 giornate di Sodoma", de Pier Paolo Pasolini.

Sobre o fracasso do anonimato

Em primeiro lugar, anuncio que minhas férias curtas não duraram nem dois dias. Estou de volta, pentelhando a todos e trazendo verdades coerentes à tona que nem sempre se querem ser ouvidas.
Particularmente, tenho nojo de quem vive no anonimato. Quem vive no anonimato, no mínimo, é um fracassado: não atinge seu intento de atingir, muitas vezes, por não mostrar sua face suja e nojenta. Quem vive no anonimato é um rato, sem coragem, e muitas vezes esquece de que o próprio leitor de seus comentários imundos e anônimos sabe de onde veio: oras, anônimos se revelam meramente em seus propósitos, não necessitando de um nome "anônimo" por trás para saber quem é.
Reservo, no meu espaço, este direito. Deixo que postem anonimamente comentários aqui, pois quem comenta anonimamente, é rato e o direito de ser rato é garantido no artigo 2º da Constituição Federal de 1988 - meu instrumento, muitas vezes, de trabalho todos os dias. E claro, gosto de ver comentários anônimos, porque na verdade sei quem os escreve e porque os escreve.
Está dado o recado. Mais direto, impossível.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Tchau por enquanto

Eu acho que as pessoas não me valorizam o suficiente. Vou sumir por vários dias (como tenho feito neste blog), até que chorem minha ausência. Quem sabe um dia eu não volto? :(
Um abraço aos sempre leitores.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Importância na vida

Num encontro de alta sociedade, todos de ternos italianos caríssimos e discutindo sobre suas imponentes famílias, um desconhecido - muito bem vestido, também, pega sua taça de prosecco e fica esperando ser chamado, para fazer graça com a cara dos outros:
- Minha família tem 400 anos aqui no Brasil. Sou da família daquele antigo senador do Império, que foi Presidente do Conselho de Ministros, Nicolau Campos Vergueiro. Os Vergueiro são importantíssimos e ricos.
- Já eu sou da família dos Albuquerque Magalhães Lima. Minha família é muito importante na Paraíba, possuindo ricas fazendas de café e babaçu.
(...)
- Hey, você, no canto. Sua família é de onde? Parece ser muito importante, pelo seu imponente porte físico, alvo, loiro...
- Sou da importante família dos Wernek.
- Ooooh! É alguma casa de condes estrangeiros, decerto!
- Decerto que não. Meu avô veio escondido num porão de navio, porque não tinha dinheiro para pagar a passagem pro Brasil. Minha avó era prostituta antes de casar com ele e irem trabalhar numa fazenda de café. Como ficaram ricos? Meu avô ganhou na loteria...
E todos ficaram muito amigos dele pela noite toda, até que ele deu as costas. Aí, desatinaram a falar da sua deselegância, da deselegância de seu porte e de sua cara de pobre.

Amor e distância

Postei um conto no meu blog, falando de “Amor a distância”. Perguntaram-me se isso dava certo. Sou suspeito pra dizer. Mas, me senti ali, no conto. Sei que dor é essa. Sei o que é ser "consumido pelo desespero" de não poder estar com quem se ama. Sei que telefone, msn, etc., aplacam a dor da distância...mas ao mesmo tempo, faz doer mais ainda, porque você toma consciência de que a pessoa está longe. Que o "beijo" mandado no final poderia estar sendo dado ali, naquele momento. Quantas vezes chorei e não consegui terminar de falar ao telefone, por causa da dor da ausência? Nossa, nem sei quantas... E cada lágrima derramada me fez ter a certeza de que deveria continuar acreditando. Porque eu sabia que tinha acertado. Sabia que tinha achado "a pessoa". Mas faz amadurecer. Embora nos sintamos injustiçados, doloridos, revoltados... O universo conspira ao nosso favor, se for amor de verdade. Eu não acreditava nisso, mas hoje posso dizer que é verdade. Ainda existe amor à distância sim. E pode acontecer com qualquer um. E ser perfeito, sim. Só é preciso querer, e acreditar. Nada mais que isso.


Beijos para quem é de beijo, abraços para quem é de abraço.

domingo, 18 de outubro de 2009

Do susto

Antes, imaginava que o grande amor da vida tinha morrido, partido, ou sei lá o quê.
Aí, saiu um dia pela madrugada em bares da cidade e se depara com uma cena: O grande amor da vida vivo, ali, beijando outra pessoa.
Juntou todos os sentimentos do mundo em um só. O afeto, amor, dedicação, carinho, ódio, desprezo, nojo... Tudo em um só sentimento.
E quem o conhece, tem medo do que possa dá essa junção de sentimentos. É, coisa boa não dá.
Aí ficou inerte, o corpo entrou em choque, em transe: será que é ele?
E era!
Os mesmos olhos, o mesmo cabelo, a mesma forma idiossincrática de jogar os cabelos e mover as mão. E o sorriso? Aquele mesmo sorriso maroto, ameaçador e convincente.
E resolveu checar realmente se não tava vendo coisas, se a mente e o coração, influenciados pelo álcool não estavam pregando alguma peça.
Não, não tava.
Ele continuava o mesmo, e quando viu que tinha sido descoberto, fez o máximo pra provocar: pegou a mão de outra pessoa, sorriu, e beijou a boca, de forma apaixonadamente.
E o outro lá, sofrendo.
Saiu cego, dirigindo em todas as direções da cidade. Chorando. Buscando algum conforto. E o máximo que encontrou foi um:
- Amigo, vá pra casa, tente dormir.
E fez o que mandaram. Chegou em casa, tentou dormir, mas, cadê o sono? Tentou esquecer, mas como? Sobrou os papéis, as recordações e o gosto pela escrita.


De tudo, ficaram três coisas:
a certeza de que ele estava sempre começando,
a certeza de que era preciso continuar
e a certeza de que seria interrompido antes de terminar.

Fazer da interrupção um caminho novo.
Fazer da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sono uma ponte,
da procura um encontro...

(Fernando Sabino)




Um beijo para quem é de beijo, e um abraço para quem é de abraço.

sábado, 17 de outubro de 2009

Ping Pong

Olá! Cá estou para fazer uma série de rapidinhas [não conotem] com o Capitão. Vamos lá!

Cor: Azul ferrete.


Esporte: Fico indeciso entre equitação, natação e futebol. Acho que vou pra levantamento de garfos.


Comida: Tenho um paladar extremamente refinado, mas tudo que quero neste momento são aqueles pasteizinhos de Belém do Habib's. Quero 16! Tô com gula!


Bebida: Caribé. Ainda perguntam?


Amizade é...: Aquela coisa que é mais importante que um relacionamento. Como diria a galera do MPB4, "o apreço não tem preço".


Dinheiro é...: Algo que me faz ter uma ejaculação precoce, só de pensar.


Família é...: Meus cachorros e meus amigos.

Paz é: Não me fazer sombra.

Guerra é: Tirar meu sol.

Fome é: Nunca entendi muito de fome. Por isso que sou gordo assim.

Eu acho que a religião...: Olha, costumam a dizer que D'us é o Papai Noel dos adultos. Eu acreditei em Papai Noel até os 5 anos, quando me convenci que ele não existia, depois de escutar algumas pessoas. Deixem-me eu ser convencido por mim mesmo que D'us não existe também e a gente conversa.


Brasil: Uma brincadeira divina de mau-gosto.


Ator: Louis Garrel.


Atriz: Marlene Dietrich - de preferência, cantando Lili Marleen vestida de homem, em Morocco.


Banda/Cantor(a): Chico Buarque.


Música: João e Maria, cantada por Chico e Nara Leão.

Filme: Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci.

Livro: O Terceiro Travesseiro, de Nelson Luiz de Carvalho.

Sexo: Com camisinha. Não sei onde você colocou essa sua periquita aí...

Melhor posição sexual: Frango assado.

Melhor transa: Num banheiro de uma barraca de praia. Foi bem louco.

Maior loucura: Ter entrado no exército.

Se pudesse fazer de novo: Ir pra Petrolina.

Se pudesse esquecer: O meu noivado frustrado.

Lugar ideal: Berlim, no inverno.

Parceiro ideal: Alguém que saiba ler bons livros, ver bons filmes, comer a boa comida que eu como, tomar os bons vinhos que tomo - ou que pelo menos goste sinceramente de mim, caso nenhuma dessas alternativas funfe.

Recado a um(ns) amigo(s): A vocês, me devoto inteiramente.

Recado a um(ns) inimigo(s): Se você está se sentindo muito bem e está bem de vida, é que eu ainda não lhes peguei. Me aguardem.

Capitão por Capitão: Aparentemente, é um cara arrogante, truculento, violento, cheio de si e mau. Mas esconde, no fundo, uma pessoa boníssima, que daria a sua vida por qualquer desconhecido que não vale o chão que pisa. É um cara que é o próprio amor, investido numa carapaça de indiferença.

O que faz nesse momento, além de responder ao Ping Pong? Vendo vídeos no YouTube.

Para finalizar, se pudesse, onde estaria nesse momento? Estaria num quarto do hotel Novo Sol, onde iniciei meus passos no Sertão.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Porque devem considerar o sertão como um bom lugar pra viver

A primeira imagem que se tem do Sertão, lembrando da televisão, é uma caveira de um boi num terreno seco, com uns galhinhos aparentemente mortos. Basicamente, quando tu entras no Sertão, vindo da direção do Recife ou de Salvador, é exatamente isso mesmo que verás até encontrar vida desenvolvida e civilizada.
As pessoas não conseguem imaginar a vida emocionante que se pode levar. Eu conheço-a bem, pois a vivo. Contar-vos-ei, caros leitores, sobre a jóia do Sertão de Pernambuco: Petrolina. (Despreze-se Juazeiro, porque aquilo é apenas um bairro de Petrolina, separada por uma ponte gigante que passa sobre o Rio São Francisco, intimamente conhecido como "Velho Chico Cagão").
Bebida, tu tens boa e barata em Petrolina. A primeira delas, que encanta a todos, é a famigerada Caribé - uma cachacinha APARENTEMENTE INOCENTE, conservada em barris de umburana. Quando se prova a Caribé, pensa que tem um aroma excelente e se sente o bouquet da umburana e da cana. Mas, o aftertaste é pesado. A emoção de tomar um copo de Caribé de guti-guti é idêntica a descer numa montanha russa com 80 metros de altura e pista de 1km: louca. Arde muito e sente-se o corpo formigar.
Além da cachaça, encontramos também duas bebidas deliciosas: a Cajuína e o Guaraná Jesus. Quando se me apresentaram a Cajuína, refrigerante feito de caju, eu jurei por D'us que iria odiar. Me enganei: tem um gosto delicioso, e lembra em muito o Mate-Couro, de Minas Gerais. O Guaraná Jesus, iguaria do Maranhão que se encontra em Petrolina, tem gosto de chiclete e aparência de chiclete - não se pode sair deste lugar sem prová-lo.
A cidade de Petrolina proporciona a sensação ambígua de estar no cu do jegue, no sertão da Pedra-Lascada, e, ao mesmo tempo, de estar na civilização. Se tem um shopping (nada comparado aos de Salvador, mas tem um tamanho considerável) onde se pode encontrar muita coisa; se tem bancos; e claro, todos os dias se tem para onde ir pela noite.
O Bodódromo é sempre uma boa pedida. Carne de bode assada, beef de bode, e até mesmo PIZZA de bode se encontra por lá. É uma praça no bairro da Areia Branca, onde podemos ver seis ou sete bares com tema de bode e que oferecem bode. Ponto perfeito para levar a sua paquera ou beber com bons amigos.
Emoção em Petrolina sempre se tem. Em Petrolina se encontra muita gente doida, que transforma qualquer um em gente maluca - a começar pelo sotaque, quase ininteligível. O hábito de seguir pessoas, pular muros pra ver casais transando e afins, são coisas extremamente comuns. Em Petrolina muita gente fica parada no estacionamento do River Shopping (shopping de lá) conversando, dentro dos carros. É uma loucura.
Juazeiro é algo que não vale comentar muito. Apenas, pode-se dizer que a Orla de Juazeiro sempre é uma boa pedida quando Petrolina está parada. Passe lá e experimente, nessas condições.
Garanto que Petrolina é mais gostosa que o Rio. Queria Olimpíadas de 2016 em Petrolina, que é emoção pura.
Em outra oportunidade, contar-vos-ei mais um pouco sobre esta jóia do Sertão.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"Não sou um grande, mas só peço que não me tirem o sol."

Contar-vos-ei como acabou a história.
Eis que chegaram as horas do derradeiro encontro, aquele que me livraria de toda a mágoa e de todo o sentimento ruim que me abateu por, ao menos, oito meses. Foi uma caça ao tesouro difícil, mas cheguei lá.
Primeiro, foram horas de perseguição. Fui até a Universidade Federal conhecer o ambiente onde eu atuaria logo mais à noite. Depois, fui até a Universidade Estadual, onde parei o carro e ali esperei por, ao menos, duas horas - nada feito. Pela noite, tentei descobrir - junto com uma legião de amigos - onde ela se escondia, pegando um endereço que semblava ser verdadeiro.
Fomos até a casa, onde paramos por horas. Disseram que a pessoa com o nome dela não se encontrava lá, e sim na Universidade (ela não estava na Universidade). Ficamos certos de que ela morava lá.
No dia seguinte, a minha legião saiu atrás dela. Fomos até aquela casa, onde descobrimos que, na verdade, aquela pessoinha morava em outra. Fomos então, em disparada, para o cortiço (sim, ela morava em um cortiço) onde ela vivia. Tempo passava mais, descobrimos que ela não estava.
Fui a uma festa. De lá da festa, passei-lhe uma mensagem perguntando: "onde você está exatamente agora? Temos de conversar". Ela ligou em seguida, tentando fingir não saber quem a ligava, e recebeu em retorno: "diga onde você está que vamos conversar agora". Primeiro, ela aceitou o encontro. Depois, disse que ia encontrar o namorado na hora e não podia.
Fui para a Orla da cidade vizinha, em Pernambuco (ali era Bahia). Tomando umas cervejas, recebi a seguinte ligação, dizendo: "vamos nos encontrar agora. Estou no terminal de ônibus da outra cidade". E lá, fui.
Chegando lá, a encontrei. Disse-lhe tudo que eu queria, até que eu obtive a confirmação, vinda da boca desta criatura, de que eu fui só um brinquedo, só um joguete, e que ela faria isso que me fez com quantos mais quisesse. Então, disse-lhe que a conversa havia terminado, dei uns passos a frente e retornei, contando-lhe que ela levaria uma surra.
Foram uns socos que ela levou, uns socos muito bons. Depois, veio seu namorado defendê-la, apanhando também. No final das contas, meu óculos quebrou, mas valeu o sangue que verteu dela.
Recebi mil e quinhentas mensagens de ameaça, e mais umas trocentas dizendo que eu havia perdido aquela criatura pro novo namorado. Recebi outras, dizendo que me entendia (ele, o namorado novo), porque ele também a amava e talvez fizesse o mesmo, mas que não era pra seguí-la outra vez. Por fim, resolvi respondê-los com a seguinte mensagem: "olha, já tive exatamente o que eu queria. Estou mais que satisfeito. Desejo a vôcês felicidades, e que deem certo, sem cruzar meu caminho. Como diria Diógenes, "não sou [um] grande [filósofo], mas só peço que não me tirem o sol". Favor não me ligarem mais ou mandar mensagens".
Acabou ali a história. Enterraria a história logo em seguinte, jogando o escapulário que ela havia me dado no meio do rio São Francisco. O amor, o ódio e qualquer sentimento foram juntos com aquele escapulário. Agora, só me resta seguir a minha vida e concretizar todos os meus planos e sonhos.
Um muito obrigado a todos que me toleraram e me suportaram enquanto essa história corria.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O que fazer?

Eis que talvez me depare com uma situação inovadora: vou ter de me adequar a uma nova realidade de vida, se absolutamente nada for nos rumos que eu sonho (apenas sonho). Entre esta semana e a que vem, terei a conversa decisiva com aquela pessoa, e isso absolutamente todo mundo sabe.
O problema é que não sei como vou readequar minha realidade. Ao invés de adotar Pernambuco como minha segunda casa, terei de me mudar, pra ver-me longe? Continuarei com o projeto pernambucano e vou me lixar pra existência dela? Eu já não sei, e ninguém sabe.
Também, vou ter de libertar definitivamente meu coração e me acostumar com a idéia de gostar de outras pessoas. Isso soa-me estranho, ainda mais que eu amo.
Além de tudo, vou ter de arranjar - definitivamente - uma nova motivação para viver. Continua me soando estranho.
É isto.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Porra!

Eu tenho nojo das pessoas, de todas elas. Asco. Não gosto que elas esbarrem mim, me cutuquem, respirem perto de mim. Eu quero todas as pessoas longe de mim, todas elas.

Eu não gosto do jeito que as pessoas expressam felicidade. Não gosto do riso alto, da boca escancarada cheia de dentes tortos, cobertos de placa bacteriana. Não gosto do barulho que elas fazem quando estão contentes, e nem quando elas olham para mim esperando que eu ria também. Rir do quê? Porra!

Eu não gosto do jeito que as pessoas expressam tristeza. Não gosto do rosto molhado de lágrimas, todo ensopado. Da baba que fica espessa no canto dos lábios, do ranho que escorre pela narina dilatada. Não gosto da maneira que elas olham para mim esperando que eu chore também Chorar por quê? Porra!

Eu não gosto do jeito que as pessoas expressam desejo. Não gosto da respiração ofegante, como se o coração não coubesse no peito, dos pentelhos arrepiados. Não gosto da maneira como olham para mim esperando que eu também sinta desejo. Desejo do quê? Porra!

Eu não gosto das pessoas. Tenho nojo das pessoas. Não gosto da maneira como elas me olham esperando que eu sinta compaixão. Compaixão do quê? Porra!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A uma semana do grande encontro

Caros colegas de jornada,
Em uma semana, resolverei a minha vida. Na semana que vem, estarei iniciando uma jornada sem volta - mais uma vez, num lugar desconhecido - e, definitivamente, será decidido o meu futuro. Talvez, o meu futuro de emprego, o meu futuro de moradia, o meu futuro de relacionamento. Encontrarei, finalmente, e terei uma conversa com aquela pessoinha que tem me martirizado há pelo menos sete meses.
Me questiono: como será? Será que, no final das contas, voltarei eu pros braços desta pessoa ou ela voltará pros meus? Será que eu o pedirei? Será que tudo terminará com uma briga inesquecível, em que eu lhe direi tudo que eu penso, que eu sinto, e que ela merece ouvir (inclusive a minha raiva, a minha mágoa e o meu rancor)? Ou, será que ela ouvirá o que não merece ouvir (sobre o meu amor, que infelizmente ainda persiste, por ela)? Só Deus sabe.
Peço recomendações de como proceder nesta hora. Me deem sugestões do que dizer, do que falar, do que fazer. Ser-vos-ei eternamente grato.
Um abraço e desejem-me uma boa sorte.

sábado, 19 de setembro de 2009

A história do encontro

Faziam muitos anos que não se viam. E neste meio tempo, tudo mudou para os dois. David, que era um estudante irresponsável de direito - largou o curso duas vezes, mudou de cidade, chegou a fazer ciências sociais e entrou pro seminário - e um empresário frustrado, que sonhou em abrir uma cadeia de jornais, mas no máximo abriu um jornaleco mal-fadado, havia sido recém empossado como Ministro do Supremo Tribunal Federal. E tinha 39 anos. Seus cabelos já não eram mais tão cacheados como antes - sua cabeleireira dava-lhe uma escova progressiva excelente, que exterminava os cachos e transformava tudo em um cabelo escorrido - mas ainda permaneciam loiros, porque ele nunca gostou de pintar os cabelos. Os trajes permaneceram os mesmos, porque o moleque sempre gostou de vestir terno. Os olhos estavam mais claros - não vale contar que usava uma lente de contato haviam 15 anos, desde que ganhou dinheiro o suficiente pra fazer uma reforma na sua aparência.

David se tornou um brilhantíssimo jurista. Exerceu por três anos a advocacia, se tornou professor universitário de uma faculdade de direito federal, e um dia, cismou que queria virar juiz. Virou. Aos 35 anos, foi indicado pelo Governador do Rio de Janeiro para ser Desembargador. Insatisfeito, numa briga de cão-e-gato, o Presidente da República o nomeou Advogado-Geral da União aos 37. Já era um jurista de renome nacional, que lotava palestras e arrancava suspiros das meninas que o assistiam - todas com o seu livro, "A base do direito constitucional", em riste, prontos para ser autografados. Ele ainda não se sentia bem com tudo isso - a ausência de Marília em sua vida o incomodava. Eles deviam ter tido um futuro brilhante, e contudo, havia 21 anos que não tinha notícias dela. (Provavelmente, ela tinha notícias dele agora, com a sua indicação para o Supremo Tribunal Federal).

O que ele sabia de Marília, até então, é que ela se formou em ciências sociais e comunicação em multimeios. Exerceu? Não. Voltou para a sua cidade no interior do Rio, para cuidar da loja de calcinhas e cuecas e malhas que herdou dos pais. O que David lembra dela é que era uma menina muito linda, de cabelos pretos cacheados e um sorriso encantador - que enlaçou seu coração e, um dia, sumiu no mundo sem o avisar.

David viajou até Cachoeira do Macacu para encontrar Marília. Marília nunca sonharia que David - tá, agora o Ministro David Francisco Molina Casales - estava tão perto dela. Marília continuava atendendo a todos no balcão de sua loja, com o cabelo preso, a pele um pouquinho marcada pela idade e os fios ficando brancos. Estava gordinha a moça. Só preservava aquele sorriso lindo.

David pediu que os agentes da Polícia Federal fossem discretos e o seguissem de longe. Ajeitou o seu terno cinza, colocou o seu cigarro - Camel, sempre Camel - na boca e acendeu com seu isqueiro banhado a ouro, que ganhou de presente do Procurador-Geral da República pelo seu 38º aniversário. Pôs-se a caminho da Marclau, loja onde a balconista sorridente - mas no fundo, muito amargurada - recebia seus clientes.

Entrou na loja. Marília não o reconheceu bem, e ele não reconheceu de forma alguma Marília. Iniciou-se o diálogo entre os dois:
- Marília está aí? - perguntou David, afoito e aflito.
- Eu sou Marília. E o senhor, é fiscal da receita? Olha, meus papéis estão todos em dia, caso o senhor queira conferir...
- Não, não sou - e mostrou a sua carteira funcional de Ministro do Supremo Tribunal Federal, com o nome David Francisco Molina Casales em alto relevo para Marília.
- Doutor, o que quer? - disfarçava Marília, tentando se refazer do choque.
- Não me chama de doutor. Você sabe quem eu sou, Marília. Vinte anos, né? - retrucava David.
- O que você quer de mim? Já não te deu um fora bom o suficiente?
- Olha, Marília, eu preciso te falar muita coisa que você não quis ouvir. Tô esperando há muito tempo e vai ser agora.
- Eu tenho outras coisas mais importantes pra fazer ag...
- Cala a boca! É a minha vez de falar, e você só vai fazer escutar. Só isso, e apenas isso. Você sabia que destruiu a minha vida? Que nunca mais pude ser feliz desde que me deixou? Que eu acreditei naquele amor, acreditei que íamos casar, e você simplesmente sumiu da minha vida?
- Também, você me traiu. - retrucou Marília, cheia de si.
- É o que você diz, que você pensa, que você sempre quis acreditar. Você não gostava de mim mesmo, essa é a verdade.
- Gostei, gostei por um tempo. Mas depois, não queria mais suportar suas loucuras e seus devaneios. E minha família nem gostava de você, essa é a verdade. Como eu iria querer um cara que minha família não gostava?
- Lutasse por mim. Verdade é que você nunca me amou.
- Acho que... Acho que concordo contigo. Nunca te amei mesmo.
- Marília, era pra gente ter sido feliz, muito feliz. Eu ia te fazer a pessoa mais feliz do mundo, cara. E você me deixou, assim, completamente vazio...
- Eu nunca te esqueci, mas eu precisava tocar minha vida.
- Eu toquei, mas deixei o amor lá atrás. Eu ainda te amo, sabia?
- Então, seja feliz, David.
- Marília, olha o que você se tornou e eu me tornei. Você se formou e veio pra essa merda de cidade, no cu do Judas, e deixou a vida brilhante que podia ter ao meu lado. Eu, virei ministro.
- E daí? Sou mais feliz do que se estivesse contigo. Você foi só uma paixãozinha, só.
- Marília, não quero mais nada de ti. Só quero um beijo de despedida. E nunca mais nos vemos.
- Não, não quero te beijar. - retrucava Marília veementemente.
Num rompante, David pulou o balcão e a agarrou. Deu-lhe um beijo sincero de despedida. E depois disso, um soco, pra que ela soubesse o quanto a odiava. Acendeu o seu cigarro e foi embora daquela loja, aquele muquifo, e foi viver sua vida.
Marília nunca conseguiu ser feliz. Morreu de câncer aos 72 anos, sozinha, em Cachoeiras do Macacu, deixando a sua parte nos negócios para seus irmãos.
David teve uma carreira brilhante. Se casou no ano seguinte, aos 40, numa bela cerimônia no Rio de Janeiro. Seu padrinho de casamento foi Mariano Rangel - antes, amigo sincero de Marília, e haviam 20 anos, melhor amigo de David. Aos 48 anos, renunciou a sua vaga de Ministro do Supremo e resolveu disputar eleições - ter novas emoções em sua vida. Se tornou Governador do Rio de Janeiro, e oito anos depois, Presidente da República. E foi um dos melhores da história.
A avenida onde fica a loja de Marília, hoje em dia, se chama "Presidente David Casales". E Marília ainda era viva quando isso aconteceu. Pra alguns mais amigos, que iam à igreja junto com ela, costumava a contar que era pra ter casado com o Presidente Casales, mas não deu.
E David foi muito feliz. Teve cinco filhos: Marcelo Luís, Frederico Guilherme, Juliana, Pedro Augusto e David Francisco Júnior. Morreu aos 93 anos, com o coração em paz e repleto de amor a sua volta.

Já não consigo dormir há seis meses.

Já não consigo dormir há seis meses. Tenho de trocar o horário pelo qual me cansa mais, tudo isso pra extenuar minha cabeça e deitar tranquilo no travesseiro, sem pensar naquele amor que me aflige.
Descobri tanta coisa nojenta, fui tão enganado, que o Brasil inteiro - e provavelmente, de acordo com o ClusterMaps - a Irlanda, a Inglaterra, a Bélgica, a Alemanha, a Polônia, a Índia, os Estados Unidos e a Colômbia sabem que não vale a pena sofrer mais assim. Engraçado mesmo é a mentira que escuto todas as vezes que troco três ou quatro palavras no telefone, em que eu tenho que ouvir que eu fui o enganador, naquele joguete típico de um assaz esperto psicopata. É uma coisa absurda, mas eu ainda acato, só por mais um motivo: em vinte dias exatos, será a minha vez de desentalar tudo do fundo da minha garganta, sem restrições, com o olho colado no olho. E eu teria muito medo. Teria, porque minha voz é grave e pesa todo o horror do que vivi. Teria, porque sou grande e pra estapear este alguém, é um passo só.
Mas, apesar de todo o ódio, e de todo o mundo saber que não vale a pena, eu ainda amo. Eu não sei porque, e talvez só D'us saiba, porque ele talvez acredite que seja do meu merecimento padecer de amor por todas aquelas pessoas que padeceram de amor por mim. Eu me sinto a pior das pessoas do mundo, e o mais subestimado de todos os seres. E este ato de me sentir subestimado, e de ser subestimado (sim, acho que cada um percebeu o quão sou subestimado e me tornei masoquista), me desespera.
Me desespera ser subestimado porque, sinceramente, conheci pouquíssimas pessoas com a minha inteligência. Idem, quanto ao meu conhecimento. Poucas pessoas tem o meu charme; outras raras, tem a minha beleza deveras exótica, mas ainda assim bela e atraente. Não vi muitas pessoas por aí com o meu carisma, e tampoco com o meu humor e meu refinamento. Que dizer, então, da minha lida excepcional com as pessoas? Poucas vezes conheci alguém tão atencioso e carinhoso como eu, e isso é com qualquer um que me dirija de forma sensível a palavra.
Não é complexo de Napoleão, nem complexo de inferioridade. Isso tudo é o resultado do que acarreta o envolvimento com algum psicopata por aí. Tomem muito cuidado com esses tipos que assolam o nosso convívio, ou em breve estarão igual a mim.
Juro nunca ter sido tão sincero em toda a minha vida, mas precisei fazer este desabafo. É isso.

5770 - um ano bom e doce!

Eu não faço idéia de qual seja a vossa religião, caros leitores. Independentemente de qual for, começo lhes desejando shanah tovah u'metukah, um ano bom e doce. Hoje, meus queridos, é o ano-novo judaico, data de profunda reflexão e, acima de tudo, de comemoração por mais um ano de nossa existência passado.
Geralmente, as pessoas comemoram o ano novo em 1º de janeiro. Os judeus comemoram especialmente no rosh hashanah, que este ano, caiu no dia 19 de setembro.
Primeiramente - sim, vez em quando devemos abandonar aquela revolta e aquela falta de crença total - devemos agradecer um pouco a D'us, ou a quem quer que vós acrediteis, por mais um ano de existência. Às vezes o ano pode ter sido foda, eu até concordo: o meu também foi uma seqüência terrível, com o término de um noivado, morte de uma avó e de mais dois familiares e o exército, como sempre, batendo a porta. Contudo, devemos lembrar sempre de que acontecem coisas boas no decorrer do ano, e que absolutamente tudo valeu a pena. A essas coisas boas, e às experiências ruins, devemos agradecer (ou a D'us, ou ao Universo - vós que sabeis quão místicos sois).
Em segundo lugar, não custa-lhes muito tentar deixar o coração sorrir neste dia. Pensa em como pode ser feliz neste ano de 5770, e coloca metas para alcançar a felicidade: no próximo rosh hashanah, veremos o que deu certo e o que não deu certo.
Assim sendo, shanah tovah u'metukah! Um ano de 5770 bom e doce para todos!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Me apresentando ao serviço!

Olá. O Capitão me deu o prazer de vir aqui vez em quando compartilhar convosco, nobres leitores, os meus devaneios. A priori, a lâmpada que vez em quando acende, está apagada. Ou seja, sem idéias. Enquanto isso, podem passar um tempinho no meu ( http://tibehrio.blogspot.com/ ). Escrevi agora só para "bater continência".
Sou muito grato em participar deste Cassino.
Até breve.
Tibério Maciel

Sobre o mês de setembro

A música de Beto Guedes já diz, amigos: "quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos (...)". Não quero ver brotar o perdão, mas é um mês onde tudo tem um gosto diferente, ao menos pra mim.
Neste mês - mais especificamente no dia onze - faço aniversário. Aparte mais um ano que sempre vem, feliz ou infelizmente, é um mês de mudanças: em setembro, as pessoas caem na real que só faltam três meses pra mais um ciclo se encerrar e dão pressa para que tudo corra bem até o final. Em setembro as flores nascem, depois de um longo período de frio, e o calor já nos atinge outra vez, suportável ou infernalmente. É tempo de abrir o coração pra novas oportunidades.
Setembro precede outubro, quando todos caem em si que o próximo passo é o ano novo. Setembro é um mês onde todas as suas atitudes, boas ou ruins, influenciarão todo o ano vindouro. Se te esforças em setembro, em outubro e novembro o provas, em dezembro colhes os frutos e em janeiro, começas o ano em novo tom. Se te desleixas, já podes ter a certeza de que o ano que vem não será dos melhores memoráveis.
O ano começa e encerra pra mim em setembro, e faltam três dias para terminá-lo. Assim, desejo de antemão um bom ano novo pra mim e pra todos, principalmente em nossas interrelações.
Um grande abraço,
Capitão Kohen

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Tédio: o que fazer?

Está uma noite chata. A televisão não mais agrada, tampoco a internet. A comida já fica sem graça, e não mais quereis comer para não vos tornares balofos. O que fazer para passar este tédio insuportável?
O Capitão Kohen, que há tempos se abstem de aconselhar, volta a fazê-lo nesta matéria às vezes tão relevante em nossa vida. São coisas simples a fazer, que matam o tempo e nos dão objetivos sinceramente melhores.
1. Esquematizar a vida
Planeje algo para mudar a sua rotina miserável. Estais cansados de muita estabilidade? Planejeis ir pro Piauí, por exemplo, e esquematizeis tudo para a sua viagem: como economizar dinheiro, a rota da vossa viagem, se irão acompanhados ou não... Coisas simples, muito simples.
Podeis também planejar fazer um novo vestibular. Observe o novo esquema das Universidades Federais, a seleção através do ENEM, o sistema integrado de seleção que poderá vos mandar até para a casa do caralho... É tudo muito efetivo.
2. Escrever
Oras, é muito efetivo escrever também para passar o tédio. Tenteis vos inspirar e escrevais, nem que seja sobre o próprio tédio ou sobre a própria rotina. Escrever sobre as filas que percorreis, sobre os amores do passado, sobre as vossas bebidas favoritas, tudo é válido.
3. Cozinhar
Não há nada mais divertido do que cozinhar, esta é uma verdade. Cozinhe algo inovador para se divertir - e se não tendes o material para cozinhar, vá comprar. Tédio não é preguiça, cacete.
4. Buscar uma companhia
Ligueis pros vossos melhores amigos para passar a noite convosco. Ninguém disponível? Vá para o chat da UOL matar tempo. Conversar com o segurança da quadra também é muito útil, ou com aqueles contatos de MSN que há muito não trocais uma palavra.
5. Maquinar
Maquine coisas úteis para o vosso destino. O que fareis amanhã, por exemplo (como a roupa que se usará no trabalho), ou o que fareis daqui há dez anos, é de verdadeira utilidade. Após planejar, coloque um passo-a-passo das coisas para alcançar o objetivo pretendido.
São dicas simples que podem ser utilizadas para matar o tédio. Não resultou? Vos mateis. :oD

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Uma falha de caráter

De uns tempos pra cá, tenho me aberto a confissões aos meus leitores - não só eles me confessam, eu também os confesso. Tenho sofrido de uma terrível falha de caráter, que é buscar àquilo que me faz mal. Não falo dos cigarros (antes fosse!), porque mesmo diminuindo minha capacidade respiratória há quatro anos, eu continuo os fumando incessantemente sem o mínimo dó, sem a mínima piedade, e eles ainda me mantém bem. Falo de outra falha de caráter terrível relacionada a buscar aquilo que me faz mal: tenho procurando o contato, que deveria ser o estritamente mínimo, com aquela malta de pessoas que me trouxeram danos quase que irreparáveis.
Ontem, motivado por toda a revolta por estar no exército, liguei para vós-sabeis-quem. Disse-lhe o quanto era sua culpa, e ele nada mais disse que estava lá porque queria, porque eu sempre tive uma fixação pela vida militar. Ora, gostar da vida militar - e ter sido criado num ambiente propício, com pais de formação castrense, não quer dizer absolutamente nada. Ter estudado num colégio militar também não diz absolutamente nada. Eu não queria isso pra mim agora. Pensava, até, em ser capelão do exército algum dia, depois que estivesse formado padre - mas não era meu destino estar nas forças armadas agora.
Aquela maldita pessoa não quis me ouvir, de verdade, e disse que tinha coisas mais importantes a fazer e pessoas mais importantes para atender: como se não bastasse todo o mal que me causou, ainda tenta imputar-me certo desprezo. Sinto muito, muito mesmo, e a culpa é verdadeiramente minha de não procurar extirpar o mau verdadeiro, mas é que peso ainda me traz.
Quanto ao amor que eu sentia, eu já não sei se ele existe mais. Provavelmente não. O que resiste é o peso que arrasto das conseqüências do passado, junto a uma amarração forçada dos meus passos por alguém que muito me enganou - e não sei bem como exprimir isto, visto que no telefone fico nervoso.
Haverá um encontro olho-no-olho, em breve, e eu temo muito por ele. Não temo por mim, mas temo muito por vós-sabeis-quem. Desta vez, não vai encontrar uma pessoa aberta a conversar sobre as imensas falhas de caráter daquela pessoa: vai encontrar um ser irascível, pronto a descontar todo o ódio e toda a raiva possível - da dor que a pessoa causou e que dificilmente vai ser superada, algum dia - e mais aquela mágoa imensa das conseqüências que a brincadeira imbecil de casar-se e construir uma vida juntos me causou, como, por exemplo, estar agora no exército.
Essa pessoa acredita que sua "segurança é Cristo". Deixe estar, deixe estar. Muito pior do que não estar seguro, é imaginar-se estar...
Ando um saco com as minhas confissões, é verdade. Mas é tudo que posso fazer agora.

Nunca estarás sozinho

Em verdade, por mais que queiras, e por pior que sejas, nunca estarás sozinho. Para começar, ninguém deixa de ter amigos: os amigos de alguma parte da vida, de alguma época em que vossos caráteres não haviam ainda mudado, acompanhar-vos-ão até o fim de suas existências.

Me perguntais: mas como acompanhar-me-ão se encontr-me distante deles no presente momento? Simples, respondo-vos: quebrarão a barreira do silêncio algum dia muito oportunamente, seja através de uma ligação inesperada, seja através de um esbarrão em plena rua. Podem ainda, amigos, acompanhar vossas vidas de muito distante, anonimamente, prontos para dizer algum dia: "I've always been there".

Vós haveis afastado todos ao vosso redor, imputando-lhes a ausência do vosso convívio? Não vos preocupeis, se vos enquadrais neste (lamentável) caso. Algum dia, alguém de muito distante virá e dir-vos-á: "sempre estive aqui, não me importando o preterimento me imposto de tua presença".

E se é o caso de me sentir sozinho? Em algum momento, alguém virá e dir-vos-á: "sempre estive aqui ao teu lado". Por mais maus que sejais, sempre restar-vos-á um amigo (ou um amor), que vela por ti todos os dias e noite e em ti pensa sem menos passar por vossas imaginações pouco fertéis.

Estar sozinho não é de nossa escolha. Nunca estamos, por mais que queiramos.

Eu não sou solitário.

Há quem diga que eu sou solitário, mas a verdade é que eu não sou. Fazendo uma análise profunda, sou cercado de grandes amigos o tempo todo - ainda que hajam uns mais amigos que os outros - e estou sempre (bem) acompanhado, mais do que já estive.
A saudade que profiro de um tempo que já passou - o tempo que eu era criança, por suposto, porque depois daquilo nada mais valeu do que más lembranças - não é desculpa para exprimir solidão. Eu sou assim, na minha, e por isso aparento ser sozinho.
A falta de um amor não me traz tristeza, também. Pelo contrário, me livra de várias que o último amor me trouxe, revestido numa pessoa de mau caráter - o que sempre faço questão de ressaltar, para meu coração apaziguar.
Faço essa nota para explicar a alguns que não sou sozinho, nem solitário, nem nada. Apenas, sou na minha. Na minha.

sábado, 29 de agosto de 2009

A história de François e Alexandre - um conto triste

François e Alexandre nasceram com o destino unido, apesar de distante. François Fernando nasceu em Garibaldi, na Serra Gaúcha, destinado a trazer tristezas pro mundo: seus pais, estudantes de história da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, largaram tudo por culpa da gravidez de sua mãe, Maria das Graças, e foram para Garibaldi, onde o pai, seu Fernando, seria funcionário do Banco do Brasil. Seus pais quiseram lhe dar um nome francês pra soar engraçado. Alexandre Frederico nasceu em Ilhéus, na Bahia, destinado a procurar um eterno amor: seu pai era capitão da Marinha do Brasil e sua mãe, uma professora da universidade local. Seus pais quiseram lhe dar um nome grego, pra soar grande.
François, logo cedo, se mudou para uma cidadezinha chamada Canela, também na Serra. Lá nasceria a sua irmã, Márcia, e o seu irmão, Giosué. Alexandre Frederico rodou o mundo com seu pai marinheiro e sua mãe professora, até que um dia, seu pai foi mandado pra Porto Alegre, pra ser Capitão-dos-Portos. Tem um irmão, Miguel, dois anos e onze meses mais novo.
François era de uma família judia sefardita muito tradicional em sua cidade, e logo começou a frequentar a Juventude Israelita local. Alexandre, apesar de católico, nunca se ligou muito em religião - pra ele, tanto fazia.
François se descobriu gay muito tarde. Beijou o primeiro menino aos dezessete anos. Enquanto isso, só ficava com meninas - não sabia se por indecisão ou por medo de encarar a família. Nunca encantou verdadeiramente ninguém que descobrisse de verdade quem era. Alexandre se descobriu gay muito cedo. Beijou o primeiro menino aos onze, namorou o primeiro aos quatorze, e deixou um amor em cada porto que passou.
François passou no primeiro vestibular logo. Foi estudar engenharia mecânica na Universidade Federal de Santa Maria. Alexandre passou também nos primeiros vestibulares cedo: o primeiro, foi do tão sonhado curso de medicina, que logo abandonou, na Federal do Rio Grande do Sul. O segundo, foi no de economia, numa certa Universidade Presbiteriana Mackenzie, pra onde zarpou, com emprego certo pra São Paulo.
François abandonou cedo o curso de engenharia mecânica. Retornou pra Canela, para a vidinha medíocre de ajudante de balcão no grande armazém que seu pai, seu Fernando, tinha. Alexandre cansou da vida de São Paulo, também, e voltou pra Porto Alegre.
François não tinha amor a nada. Alexandre tinha depressão.
François, ainda que nunca admitisse, era chegado em beber e cheirar pó - tirando a parte de destruir a vida de pessoas. Alexandre admitia que gostava de se drogar, mas tentava parar: a sua única preferência eram seus cigarros, da marca Camel.
François, um dia, resolveu juntar-se a um grupo na internet de jovens gays. Alexandre já fazia parte e era um grande líder entre eles: estava com passagem marcada para Curitiba, onde conheceria um menino, chamado Pablo. Antes de partir para Curitiba, Alexandre e François se conheceram, com a intenção de trocarem figurinhas da cena gay gaúcha.
Em Curitiba, nada deu certo para Alexandre, e eles só sentiam mais vontade de se conhecer. Quando chegou em Porto Alegre, marcaram de se encontrar. Se encontraram.
François pensou: esse é o pato perfeito. Alexandre pensou: esse é o par perfeito.
François usou uma frase de Caio Fernando Abreu. Alexandre usou uma frase sua.
Iniciaram um namoro, cada um com uma vontade diversa. François queria experimentar o uso de alguém a maior prazo para depois jogar fora. Alexandre queria um amor para a vida toda, e pensava ter encontrado em François.
François era um sociopata. Alexandre era um parafílico.
François queria ter a inteligência e o carisma de Alexandre. Alexandre queria ter François pra si.
Alexandre foi até Canela, um dia, para visitar François. François lhe prometeu casa. Alexandre foi forçado a ficar no hotel, pelo jogo de François. François lhe prometeu o mundo. Alexandre não teve nada. François lhe pediu para entrar na Marinha do Brasil, para que pudessem se casar, já que eram dois jovens e não tinham dinheiro. Alexandre, de pronto, aceitou.
François fez concurso para a Universidade Federal de Santa Catarina, para se ver livre de Alexandre. Alexandre fez concurso para a Escola de Sargentos da Marinha, para se ver perto de François.
Quando Alexandre passou no concurso, François decretou que a sua brincadeira estava terminada e acabou o namoro (e o mundo de Alexandre). Quando François passou no concurso, Alexandre tentou dar os parabéns a François e dizer: "eu ainda estarei aqui, cara".
François sumiu no mundo. Alexandre o procurou.
François riu com toda a situação. Alexandre tentou se matar enforcado e não conseguiu.
François foi para a Universidade. Alexandre tornou-se um Sargento da Marinha.
François continuou sendo estudante da Universidade Federal de Santa Catarina. Alexandre foi transferido para o porto de Florianópolis.
François procurou Alexandre, quando o viu na rua, e disse que tudo havia acabado. Alexandre lhe disse que ele não perdia por esperar.
François não sentia nada. Alexandre só sentia ódio.
Alexandre armou para François. François não percebeu a armação de Alexandre.
François perdeu todos os seus amigos. Alexandre ganhou muitos amigos.
François perdeu sua casa. Alexandre comprou uma nova casa, com seu alto salário da marinha.
François entrou em depressão. Alexandre entrou em júbilo.
Alexandre lhe ofereceu uma corda. François se enforcou.
Alexandre disse que seu destino estava cumprido. François e ele se uniram, na morte.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O dia em que eu entrei no exército

"Assaz cretino sempre fui", costuma a ser meu bordão. Prova maior disto é que, graças à mesma pessoa filha da puta sempre mencionada - é, infelizmente, voltarei a te mencionar aqui por ora - eu estou no exército, sendo o mais nvo dançarino do conjunto do Village People. Sob promessas de um casamento, fui coagido a entrar para a instituição castrense do exército, convencer um coronel a me deixar tentar o Núcleo Preparatório de Oficiais da Reserva e assim fui, rumo ao desconhecido. Nem preciso me dizer que me lasquei.
Me lasquei porque o casamento que eu ia ter não rolou, todos sabem o porque - e graças a D'us que não houve, inclusive. Mas, me lasquei mais ainda, porque o exército é um tipo de decisão que não se pode voltar atrás: uma vez tomada, tomada está de vez.
Foi no início de fevereiro em que me apresentei na Junta de Serviço Militar. Muitas choradas, muitas conversas e consegui ser classificado para o Núcleo Preparatório de Oficiais da Reserva, com posterior apresentação num vinte e quatro de agosto daquele ano corrente. Não me importei, tudo que eu queria era casar e ser feliz com a pessoa que eu amava, dando-a um sustento digno e uma vida excelente, com as condições que o oficialato do exército proporcionar-me-ia.
Dispensado todo o bolodório que os prezados amigos já sabem, me apresentei no fatídico vinte e quatro de agosto. Cheguei às seis da manhã naquele quartel, um frio gelado vinha na espinha, com o medo de ter de servir. Eu pensava: "talvez se eu disser que não quero servir, eu tenha alguma chance". Lêdo engano.
Um soldado me recebeu na porta e colheu meu Certificado de Alistamento Militar. Fui encaminhado a um banco, repleto de gente fedorenta e estranha. Sentei e esperei, impacientemente, por uma hora e meia, até a hora que anunciaram meu nome. Levantei e formei uma fila.
Me informaram que fui dispensado da prestação do serviço militar. Fiquei radiante: pelo menos o último fardo que aquela relação desastrosa imputar-me-ia na vida seria descarregado, finalmente. Me encaminhei para a formação onde prestaria o juramento à bandeira, quando de repente, um tenente esbaforido veio da casa do caralho gritando meu nome. Atendi. Ele disse, em poucas palavras, tudo que eu mais temia ouvir: "você é considerado essencial ao serviço militar por possuir nível superior em andamento em direito. Venha para a outra fila".
Fudeu! Agora era hora de rezar pra que eu perdesse nos exames médicos.
O tenente conversou comigo sobre todas as minhas possibilidades, desde eu permanecer no Núcleo Preparatório de Oficiais da Reserva, até eu migrar para outra força (Marinha ou Força Aérea), sob pena de perder a patente de oficial e me tornar um mero praça. No dia seguinte, voltaria às quatro e quarenta em ponto naquele mesmo quartel para fazer uma bateria de exames de toda a sorte e saber realmente qual era o meu destino final.
No dia seguinte, voltei. Deveriam fazer dezesseis graus naquele fim de madrugada, mas me gelava a alma e cortava como se fossem dois graus. Fiz cara de mau, entreguei meu Certificado de Alistamento Militar ao sargento que estava na portaria e me encaminhei para uma fila, onde haviam vários dispensados do serviço militar que desejavam servir - e que viram toda a cena do tenente me chamando, e pra quem eu me tornei um verdadeiro ídolo, por ser considerado essencial. Fiz vários amigos, e eles me acompanharam até o fim do processo naquele dia: lhes ensinei, por exemplo, o que dizer à Junta de Seleção para ser escolhido.
Cheguei no exame médico. Me puseram só de cueca, junto com todos, e pulando de uma perna só. Achei verdadeiramente que aquele tenente-médico da marinha que nos pôs a fazer isso era um sádico, e disse: "deixe estar, seu tenente, que um dia virarei capitão e lhe fodo, seu escroque". Puxei um medidor de força, e descobriu-se que eu tinha a capacidade de suportar cento e setenta quilos (!) - o segundo colocado conseguia puxar cem. Um outro aspirante me mandou abaixar as calças e remexeu meu pênis de cabeça pra baixo numa verdadeira quase-masturbação, e constatou, definitivamente, que eu não tinha nenhuma doença sexualmente transmissível (meu urologista também sempre me disse, não precisava ser masturbado por um aspirante veado ¬¬). Depois, me vesti e fui fazer o exame de vista, coisa que fiz de óculos. :o)
Finda a bateria de exames médicos, fui fazer um teste de interesses. Provei, inocentemente, ao Exército Brasileiro, que eu tinha perfil para ser espião, pelas minhas escolhas no teste de interesses. Depois, fiz um teste de lógica - do qual, quem não acertar deverá receber a alcunha automaticamente de débil-mental. Me encaminhei, junto com todos os novos amigos, para os mesmos bancos cheios de gente fétida e estranha (ah, eles já não eram a gente fétida e estranha de antes) e começamos todos a conversar e nos aconselhar.
Depois, nos chamaram pra fazer o temido BCC: Bateria de Classificação dos Conscritos, aquele que, a depender do teu desempenho, pode te colocar pra ser um carregador de pedras do batalhão. Me dei extremamente bem no BCC, apesar das questões que envolviam mecânica de carros e de telégrafos, e fui levado para uma sala onde eu faria mais uma vez uma entrevista.
Na entrevista, avacalhei geral. Disse que era contra as drogas; disse que fui um eterno católico apostólico romano praticante; disse que era um antiquado homofóbico. Tudo isso, claro, pra não ser obrigado a virar um soldado lavador de banheiro, uma vez que eu seria obrigado a servir o exército graças à merda que eu fiz, motivado por vós-sabeis-quem.
No final das contas, veio o carimbo: "Se apresente no quartel no dia tal para receber seus novos uniformes, jurar a bandeira e receber instruções". Eu já sabia: naquele momento, Lúcifer estava assando pãezinhos especiais na sua confeitaria para mim.
E assim, foi o que D'us quis. Eu no exército.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Todos nós somos Sarney. Todos nós somos o Senado da República.

Sarney nomeia parentes para cargos públicos. Os senadores da República também. O Senador Arthur Vírgilio nomeia um assessor que estuda na Espanha e recebe um salário de três mil reais. Por que os execramos tanto? Por que cobramos deles a postura de bastiões da moral e da justiça?
Pra começar, caros leitores, eu vos indago: caso indigitados, por ato secreto, para a diretoria-geral das garagens do Senado - um cargo hipotético, obviamente - com ganhos percebidos de quinze mil reais mensais, não seria aceitado de bom grado por vós? Coloqueis a mão na consciência: eu duvido, eu duvido que cada um de vós não o aceitaria, não o agradeceria. Vós, que dais um cigarro ao segurança da quadra todas as noites, em troca do favor da especial atenção à sua casa subentendido; vós, que sois assistente do professor na sala de aula, sob o pretexto de receber favorecimentos subentendidos na hora das notas - não praticais, de todo, a mesma coisa que Sarney e sua base? Coloqueis a mão na consciência, senhores!
Com a possibilidade de tomar quinhentos mil reais emprestado, assaz livre de juros, nas mãos da vetusta instituição do Senado, não o farias, num caso de necessidade? Ah, eu duvido muito que recorrerias a um banco, pagando altíssimos juros, quando haveria a boníssima mão extendida da irmã gentil senatorial.
Sarney não faz diferente de nós, senhores: ele apenas tem o poder. Sarney somos nós. O Senado da República não age diferente de nós, ora criticando ao seu corpo, ora agindo escusamente por trás. O Senado da República somos nós, senhores. Façamos uma reflexão profunda: cheguemos todos à mesma conclusão, amigos - todos nós somos Sarney. Todos nós somos o Senado da República.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Correspondência com um anônimo

Lendo os comentários da minha última postagem, eis que deparo-me com o seguinte comentário, vindo de um anônimo:
"Tibério parece-me um tanto quanto suspeito em seu ponto de vista no que se relaciona vossa pessoa, Capitão. Será mesmo que és tudo que dizes ser?" (Anônimo, postado às 00:09).
Tenho alguns pontos a salientar quanto ao teu comentário, anônimo, que achei relevante.
1. Por que não mostras teu rosto, dizes teu nome e te escondes na carapuça do anonimato? Assim, é difícil responder-te diretamente - por mais que eu possa palpitar quem sejas.
2. Tibério não é suspeito para falar em ponto algum, analisando de fora da situação. Ele tem savoir de cause, conhecimento de causa, pra falar - conhece a minha história e me conhece, tendo estado diversas vezes pessoalmente comigo, conhecendo a minha casa, minha família e o meu comportamento em diversos dos seus aspectos, desde o melhor prisma, até o pior de todos, mais negro.
3. Sim, sou tudo o que digo ser. Lembre-te, ó neófito, quando digo que possuo inumeráveis "erros e desparates" - o que por si só já me faz ser parte do que digo ser. A generosidade, amizade e carinho, também, são inerentes ao feitio humano, escusáveis apenas aos sociopatas e todo o seu fancho - o que obviamente não sou, dado a presença constante de sentimentos, incluso os de dor, angústia e amor que já expressei aqui, outrora, o que me elimina completamente de qualquer categoria semelhante.
Me alimenta a alma, caro leitor, o desafio diário de viver - mesmo com todas as dificuldades que a vida me impõe, e impõe a todos, inclusive a ti. Me alimenta ainda mais, caro amigo - não sei se posso chamar-te de amigo (não sei quem és, talvez seja alguém de quem quero muita distância, mas tenho o palpite que não) - comentários de todo o tipo, desde os mais mordazes até os mais curiosos, que me fazem saber a impressão que isso aqui passa.
Acima de tudo, tenha a certeza de que, como conto tudo do fundo do coração, mesmo quando dou um conselho ou teorizo sobre algo, sou tudo o que digo ser. Duro, às vezes errado e grosseiro, mas generoso e bom amigo. Uma grande legião poderá provar-lhe que sim - e outra grande legião poderá provar-lhe, também, sobre o meu lado mau, que é pertinente a qualquer animal, haja visto que a maldade é instintiva quando provocada e sempre há um fundo.
Um abraço do seu,
Capitão Kohen

domingo, 16 de agosto de 2009

Um desabafo muito especial sobre mim: acabou. Acabou mesmo.

Assaz cretino sempre fui, desde meus catorze anos, quando surgiu o primeiro relacionamento. Abandonei a vida confortável num colégio repleto de conhecidos, onde estudava, para ir estudar em outro colégio completamente estranho e ficar com a pessoa que eu amava. Ah, eu lá fiquei, apesar de todos os desconfortos daquelas pessoas completamente desacostumadas à vetusta disciplina castrense e ao pandemônio dos colégios de filhinhos de papai. Tudo, claro, por causa de alguém.
Este alguém - alguém filho-da-puta, pessoa miserável, sem escrúpulos - me traiu com um grande amigo da sala (!) e, insatisfeito, com a melhor amiga da sala (!), demonstrando uma bissexualidade completamente desconhecida até então. Eu, grande corno que fui, abandonei aquele colégio e, com o rabo entre as pernas, não podendo mais retornar à minha amada instituição de outrora, me mudei para um outro colégio.
Foi-se aí o meu primeiro amor. Grandinho, não grande amor. Sofri por meses. Depois de encontrar esta pessoa numa conversa entre amigos, e esta pessoa simplesmente ter me ignorado solenemente, o meu sentimento passou, minguou, e passou a ser completamente insignificante na minha vida - eh, meu coração tem umas reações deveras estranhas quanto ao amor. Depois deste relacionamento, houveram outros pouco dignos de nota, que não citarei.
Daí, veio outra pessoa. Assaz cretino que sou, acreditei veementemente no sentimento e me entreguei ao relacionamento. Meses passados, descobri que, outra vez, havia sido chifrado três vezes, inclusive havendo um caso paralelo ao relacionamento. Terminei, tendo perdoado a posteriori e retornado.
Insatisfeita a pessoa com toda a canalhice, um mês depois de retomado o relacionamento, convido-a para sair: ela disse que não ia. Então, resolvi sair e... Saí, mesmo, para uma festa, no intuito de acompanhar um, até então, bom amigo. Chegando no local, encontro a pessoinha canalha dançando com sua prima. Tentei beijá-la uma vez, e ela vira o rosto. Tentei beijá-la outra vez, e ela vira o rosto de novo. Perguntei o que havia, e ela disse que nada queria mais, e estava ali para ficar com outras pessoas. Tudo bem, outro baque.
Houveram outros relacionamentos dignos de nota depois, mas não os contarei.
Daí, veio finalmente um grande amor. Conheci num grupo de discussões que eu chefiava. Conversa vai, conversa vem, nasceu um sentimento dentro de mim. A coisa foi forte, a pessoa inclusive me fez prometê-la em casamento (e depois, fui descobrir que me deixou porque a família não gostava: vejam quanta incoerência, não enfrentou a família por alguém que se casaria, não?). Um belo dia, cansada de muitas coisas - inclusive, do desgosto de sua família por mim - resolveu me abandonar e sumir no mundo, não sem antes dizer que retornaria quando tudo se estabilizasse.
Hoje, finalmente depois de seis meses, tivemos uma conversa - motivada pelas minhas postagens que, incrivelmente, esta pessoa lia. A primeira conversa foi bem desagradável. Disse parte do que tinha para dizer, inclusive do meu sentimento de raiva e nojo. A segunda conversa, eu fui finalmente sincero: disse que a amei até hoje, e talvez ame até amanhã ou depois: logo, a esquecerei, como aconteceu com o primeiro amor e o segundo amor. ASSAZ CRETINO eu fui, mas assaz cretino não serei mais.
E caso leias alguma vez de novo isso aqui, como fizeste, eu tenho algo a te dizer: perdeste uma grande oportunidade de ser feliz ao lado de alguém que poderia te dar todo o amor do mundo. Perdeste a oportunidade de entrar, também, pra uma família que te receberia como uma verdadeira parte dela. Perdeste uma oportunidade de não ter uma vida medíocre, como a que terás doravante, e de viver em completo júbilo - apesar de algumas desarmonias. Pudeste ser feliz. Pudeste.
Desejo sinceramente que alguém possa te fazer feliz neste mundo como eu poderia ter te feito. Desejo. Mas duvido muito, e acredito, em nome de todos os Santos, que até Ele duvida.
Mas D'us é muito sábio, e eu nunca duvido da sapiência do Senhor. Ele sabia, acima de tudo, que não é de teu merecimento ter alguém como eu que, apesar de todos os erros e desparates, é uma fonte infinita de amizade, carinho, generosidade, compaixão e amor.