sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Todos nós somos Sarney. Todos nós somos o Senado da República.

Sarney nomeia parentes para cargos públicos. Os senadores da República também. O Senador Arthur Vírgilio nomeia um assessor que estuda na Espanha e recebe um salário de três mil reais. Por que os execramos tanto? Por que cobramos deles a postura de bastiões da moral e da justiça?
Pra começar, caros leitores, eu vos indago: caso indigitados, por ato secreto, para a diretoria-geral das garagens do Senado - um cargo hipotético, obviamente - com ganhos percebidos de quinze mil reais mensais, não seria aceitado de bom grado por vós? Coloqueis a mão na consciência: eu duvido, eu duvido que cada um de vós não o aceitaria, não o agradeceria. Vós, que dais um cigarro ao segurança da quadra todas as noites, em troca do favor da especial atenção à sua casa subentendido; vós, que sois assistente do professor na sala de aula, sob o pretexto de receber favorecimentos subentendidos na hora das notas - não praticais, de todo, a mesma coisa que Sarney e sua base? Coloqueis a mão na consciência, senhores!
Com a possibilidade de tomar quinhentos mil reais emprestado, assaz livre de juros, nas mãos da vetusta instituição do Senado, não o farias, num caso de necessidade? Ah, eu duvido muito que recorrerias a um banco, pagando altíssimos juros, quando haveria a boníssima mão extendida da irmã gentil senatorial.
Sarney não faz diferente de nós, senhores: ele apenas tem o poder. Sarney somos nós. O Senado da República não age diferente de nós, ora criticando ao seu corpo, ora agindo escusamente por trás. O Senado da República somos nós, senhores. Façamos uma reflexão profunda: cheguemos todos à mesma conclusão, amigos - todos nós somos Sarney. Todos nós somos o Senado da República.

Um comentário:

Nuno Coelho disse...

Não. Eu posso, com sinceridade, discordar de você. Posso dizer pois sou daqueles que devolve troco que veio a mais, que pede correção de uma nota que veio a mais em uma prova. E posso dizer ainda que destes, são vários.
Ainda digo, o Brasil não é o Senado da República. A banda podre do Brasil pode econtrar-se representada pelos nossos ilmos. senadores, mas a cara do Brasil é outra.
Hoje, o Brasil é José Alencar, nosso vice-presidente! Uma sociedade combalida por um câncer ético e moral, atacada diaramente, mas com coragem e fibra para lutar, que a cada intervenção cirúrgica sai do hospital com aquele sorriso bonachão de que tudo ficará bem no final.